Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2024
Deputados e senadores petistas criticaram a falta de lisura no processo eleitoral do país vizinho
O posicionamento do Partido dos Trabalhadores (PT) sobre o resultado da eleição na Venezuela não é unanimidade entre os petistas e foi considerado “precipitado” por ala mais moderada da sigla. Na contramão da nota oficial da legenda, que chamou Nicolás Maduro de “presidente reeleito”, deputados e senadores petistas criticaram a falta de lisura no processo eleitoral do país vizinho e classificaram Maduro como ditador.
Antes da divulgação da nota da Executiva do PT, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) já havia se posicionado contra a postura de Maduro, classificando-a como de “um ditador”. “Um governo verdadeiramente democrático convive com críticas, questionamentos e oposição organizada”, disse Lopes em postagem no X. publicada nesta segunda.
“Um governo verdadeiramente democrático convive com críticas, questionamentos e oposição organizada. A atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador”, escreveu.
Na terça-feira, após a publicação do posicionamento oficial do PT, a deputada federal Camila Jara (PT-MS) afirmou que os acontecimentos na Venezuela “reforçam a importância da transparência nas eleições”. A parlamentar, que é pré-candidata à prefeitura de Campo Grande, defendeu uma auditoria nos resultados para a proteção da democracia.
“Diante dos recentes acontecimentos na Venezuela, é fundamental reforçar a importância da transparência nas eleições. A auditoria dos resultados é o que vai garantir a legitimidade do processo eleitoral e proteger o que temos de mais precioso: a democracia.”
Já o deputado federal Bohn Gass (PT-RS) endossou a posição adotada por Lula e Biden diante da crise política na Venezuela. Os dois presidentes conversaram por telefone e defenderam a divulgação dos documentos das sessões eleitorais. “Ambos concordaram: é preciso ver as atas de votação”, afirmou o gaúcho, também contrariando o partido.
“A pedido do presidente Biden, dos EUA, @LulaOficial conversou com ele sobre a eleição na Venezuela. E ambos concordaram: é preciso ver as atas de votação.”
Nota conjunta
Brasil, Colômbia e México divulgaram um comunicado conjunto nesta quinta-feira (1º) em que pedem a divulgação de atas eleitorais na Venezuela. A nota pede também a solução do impasse eleitoral no país pelas “vias institucionais”.
A Venezuela mergulhou em um impasse político e social após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter declarado o atual presidente, Nicolás Maduro, reeleito na eleição de domingo (28). A oposição alega fraude e afirma que o vencedor foi o candidato oposicionista Edmundo González. Não só a oposição, mas também o governo de outros países — como a Argentina e o Chile — e organismos internacionais apontam irregularidades no pleito e não reconheceram o resultado.
O governo brasileiro já vinha pedindo que o CNE — órgão controlado pelo governo de Maduro — apresente as atas eleitorais, espécie de boletim das urnas. A autoridade eleitoral venezuelana ainda não fez isso, mesmo após 4 dias da divulgação do resultado.
Desde o início da semana, era esperada a nota conjunta entre Brasil, México e Colômbia, países com influência regional e que vêm adotando uma posição cautelosa sobre a crise.
“Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, afirmaram os três países na conjunta.