Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2024
Oito a cada 10 adolescentes no Brasil têm dois ou mais fatores de risco para doenças crônicas, como obesidade, diabetes, problemas cardíacos e câncer.
Foto: ReproduçãoA proporção alarmante de 8 a cada 10 adolescentes no Brasil têm dois ou mais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como obesidade, diabetes, problemas cardíacos e câncer. É o que revela um novo estudo de pesquisadores da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O trabalho, publicado na revista científica BMC Pediatrics, utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), inquérito realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Foram avaliadas informações de 121.580 jovens entre 13 e 17 anos no país.
A análise foi feita a partir de um questionário com sete perguntas sobre a prevalência de fatores de risco para a saúde. As respostas mostraram taxas elevadas mesmo para comportamentos que envolvem práticas proibidas por lei na faixa etária, como bebidas alcoólicas e cigarro.
Ao todo, 81,3% dos adolescentes brasileiros apresentavam dois ou mais dos hábitos nocivos. Outros 14,8% relatavam ao menos um fator de risco, e apenas 3,9% não tinham nenhum. Confira a lista dos mais prevalentes:
1. Falta de atividade física: citada por 71,5%.
2. Ingestão irregular de frutas e vegetais: citada por 58,4%.
3. Sedentarismo: citado por 54,1%.
4. Consumo regular de guloseimas: citado por 32,9%.
5. Consumo de bebidas alcoólicas: citado por 28,1%.
6. Consumo regular de refrigerante: citado por 17,2%.
7. Tabagismo: citado por 6,8%.
Os piores índices foram observados entre os mais velhos, de 16 e 17 anos, e moradores da região Sudeste. Segundo os pesquisadores escrevem no estudo, “essa maior exposição a fatores de risco (nos mais velhos) pode ser atribuída à redução das restrições sociais impostas pelos pais ou responsáveis durante essa fase, o que promove maior independência na tomada de decisões”.
“Além disso, a exposição a situações estressantes, as pressões sociais no final da adolescência e a influência dos colegas em seu ambiente contribuem para o aumento da prevalência de comportamentos de risco”, continuam.
No geral, a situação observada no Brasil é semelhante à do cenário mundial. Segundo a Pesquisa Global de Saúde do Estudante, que envolveu 304.779 adolescentes de 89 países, 82,4% dos jovens de 11 a 17 anos no planeta relatam dois ou mais fatores de risco. Porém, para os pesquisadores, os números são um alerta.
“Há uma necessidade urgente de abordagens dinâmicas e proativas que capacitem os adolescentes a assumir a corresponsabilidade por sua saúde. Ao mesmo tempo, a implementação de políticas intersetoriais é crucial para promover melhores condições de vida e saúde”, diz Alanna Gomes da Silva, pesquisadora da Escola de Enfermagem UFMG e primeira autora do estudo, em comunicado.