Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Rafael Bechelin | 2 de agosto de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Inovação é conflito! Em raríssimas exceções, quando alguém pensou em fazer algo de uma forma diferente ou criar algo novo – resistências não foram encontradas. Obviamente não existem dados em relação ao que será dito, mas tenho plena convicção de que quando alguém inventou a roda, várias pessoas à época criticaram a invenção pelo fato de que a roda faria com que o veículo andasse muito rapidamente e que então, não haveria mais segurança a partir da adoção da invenção.
Em todos os momentos da história, bandeiras foram levantadas e vozes contrárias reverberaram, apontando sérios problemas em virtude dos impactos que as invenções poderiam causar na sociedade. Em 1986, cerca de seis mil professores, protestaram em Nova Iorque contra o uso da calculadora pelos alunos, da mesma forma que verifica-se atualmente críticas e apreensões relacionadas à utilização e adoção do chat GPT no âmbito escolar e acadêmico.
Desde os anos 70, alguns sindicatos também protestavam contra o uso de computadores, que na época eram vistos como um vilão e um potencial causador de desemprego generalizado porque automatizaria o trabalho de milhares de pessoas. A geração atual também vivenciou momentos de apreensão através do embate de motoristas de táxi com a chegada dos aplicativos de mobilidade. Quando a lâmpada elétrica chegou, muitas pessoas se recusavam a usá-la, pois acreditavam que ela produzia um vapor tóxico que causaria danos à saúde.
Enfim, não faltam exemplos em diferentes áreas e épocas da jornada humana em que a chegada de inovações, ou a adoção de novas ideias e comportamentos acabem gerando muito desconforto e insegurança em indivíduos, negócios e carreiras. Vivemos atualmente um momento especial sobre esse prisma, pois tecnologias disruptivas causarão transformações em praticamente todas as dimensões da vida humana, de uma forma e em uma velocidade que até então não presenciamos como civilização.
Novas tecnologias vão trazer melhorias, confortos e avanços que vão desde nanorobôs injetados na corrente sanguínea para tratar doenças, até carros voadores; que a propósito, estarão presentes em várias cidades do Brasil em menos de dois anos. Tudo isso é uma realidade que já está em curso e não apenas como possiblidades do futuro. A China por exemplo, recentemente inaugurou um hospital totalmente operado por robôs com inteligência artificial, demonstrando um grande pioneirismo na área.
Empresas de tecnologia anunciam produção em massa de robôs que serão assistentes pessoais dos humanos. Inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual, nanotecnologia, biotecnologia, materiais especiais e blockchain, são realidades que estão em franco processo de exponencialização e que nos próximos cinco anos transformarão absolutamente a maioria dos mercados; impactarão carreiras e mudarão a forma como vivemos e consumimos.
Essas mudanças todas, obviamente trazem consigo uma série de apreensões capazes de tirar absolutamente toda a sociedade de sua zona de conforto e que nos remetem a diferentes avaliações, como por exemplo: Uma análise comportamental da nossa sociedade atual frente a esses novos cenários. As pessoas ainda confiam muito mais em seres humanos. Pesquisas demonstram que as pessoas têm uma tolerância quase nula quando erros são cometidos por máquinas, mesmo que a possibilidade de falhas seja em percentual muito inferior em comparação com a atividade humana.
Isso quer dizer que na maioria dos casos, preferimos ser operados por um ser humano, mesmo que potencialmente, estejamos estaticamente sujeitos a uma chance muito maior de riscos provenientes de erros médicos em uma cirurgia, ou seja, aceitaríamos o erro de uma forma mais tranquila, caso viesse de outro humano.
Portanto, obviamente as transformações que já estão em andamento, com essa magnitude e com esse grau de disrupção, demandarão flexibilidade e adaptação por parte de profissionais, governos, infraestruturas, cidades, cidadãos, educadores e até pela ciência.
Em toda a jornada do desenvolvimento humano, historicamente transformações sempre melhoraram a vida das pessoas. Muitas delas, de fato, causaram disrupção acabando com alguns mercados, profissões, produtos e serviços, contudo as oportunidades que surgiram a partir das novas condições estabelecidas sempre permitiram a criação de novos mercados muito maiores do que os mercados anteriormente existentes, além disso, desenvolvimento em diferentes dimensões sociais e individuais também sempre marcaram esses momentos.
Em absolutamente todos os casos em que inovações foram incorporadas na vida das pessoas, todos ganharam em qualidade de vida, eficiência, conforto e produtividade. É momento de olhar para frente, olhando carreiras e negócios sob uma ótica de potencialização de pessoas, profissões, produtos e serviços. Quem tiver essa capacidade de adaptação e inteligência para entender e participar dessa onda, colherá resultados impressionantes, sem dúvida alguma.
O momento requer cautela e adaptabilidade, mas é literalmente um mar de oportunidades que se abrem no horizonte, com novos mercados multibilionários que estão sendo criados, com melhorias que impactarão desde nossa saúde e expectativa de vida, até uma forma de vida mais segura e confortável.
Como foi dito, a força e a potência dessas transformações em curso ocorrem como nunca antes foi visto na história humana, pois o acesso e a exponencialização das inovações estão cada vez disponíveis de forma muito mais democrática e inclusiva a todas as camadas sociais e culturais da sociedade, em praticamente todos os países. Vivemos novos tempos e quem souber jogar o jogo da mudança será protagonista na próxima década!
* Rafael Bechelin – Membro do Grupo Front, Head de inovação para cidades – Wise Innovation, Palestrante de inovação, smartcities e tecnologias disruptivas.
* g.frontoficial@gmail.com
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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