Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2024
Nesta primeira semana de Olimpíada em Paris, o bem-estar dos cavalos tem sido um dos principais tópicos de conversa nas competições de hipismo, com escândalos envolvendo a campeã Charlotte Dujardin e os brasileiros Pedro Veniss e Carlos Parro atraindo a atenção do mundo inteiro, incluindo de atletas de esportes relacionados.
Em entrevista à agência de notícias Associated Press (AP), membros proeminentes da comunidade de corridas de cavalos consideraram as polêmicas como mais uma lição para uma indústria que fez mudanças significativas nos últimos anos em nome da segurança dos animais e que ainda tem muito trabalho a fazer para reconquistar a confiança do público.
“Se você está envolvido em um esporte equestre, seja polo, seja adestramento, seja salto, seja corrida de cavalos, a prioridade tem que ser o bem-estar do cavalo”, disse Lisa Lazarus, CEO da Autoridade de Integridade e Segurança das Corridas de Cavalos, que supervisiona o esporte nos EUA.
“Se isso não for a prioridade e se não for claro para o público e para os reguladores que o cavalo está sendo priorizado e seu bem-estar está sendo priorizado, o esporte estará em risco”, completa.
Um vídeo de Dujardin repetidamente batendo em um cavalo fez com que a tricampeã olímpica desistisse dos Jogos de Paris e levou a uma suspensão provisória pela Federação Internacional de Esportes Equestres (FEI).
Além disso, Carlos Parro recebeu uma advertência depois que um grupo de direitos dos animais enviou ao presidente da FEI fotos e evidências de que o cavaleiro brasileiro estava hiper-flexionando o pescoço de um cavalo em um movimento proibido conhecido como “Rollkur”, que pode comprometer a respiração.
Já o representante do Brasil na prova de saltos, Pedro Veniss, foi expulso na quinta-feira (1º) após detectarem durante o “banho” do cavalo Nimrode Muze um sangramento, causado pelas esporas. O Brasil tentou entrar com recurso para reverter a decisão, mas a tentativa foi negada.
A reação do público com esses casos acontece três anos depois que uma treinadora da Alemanha foi suspensa da Olimpíada de Tóquio, em 2021, por bater em um cavalo desobediente. Por conta do ocorrido, a profissional foi suspensa dos Jogos e a ONG “People for the Ethical Treatment” (Peta) pediu que os eventos equestres fossem removidos das Olimpíadas, e os cavalos não farão parte do pentatlo moderno a partir de Los Angeles em 2028.
As corridas de cavalos enfrentaram crises semelhantes, com uma série de mortes em torno da corrida Kentucky Derby no ano passado, levando a organização a suspender as corridas e gerando uma investigação sobre as causas. Embora a implementação de reformas tenham conseguido reduzir as fatalidades, isso é mais um lembrete de como incidentes controversos ameaçam a existência dos esportes com animais no século 21.
“Estamos todos vivendo em uma época diferente quando se trata de esportes equestres, e acho que por isso todos nós precisamos ser muito mais cuidadosos”, disse o treinador de cavalos puro-sangue Graham Motion à “AP” em uma entrevista por telefone.
“A maioria de nós se preocupa com o bem-estar dos animais, mas não podemos tomar isso como garantido. Temos que mostrar que é disso que se trata”, acrescentou. As informações são do jornal Valor Econômico.