Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2024
Pesquisa realizada por médicos do Belfast Health and Social Care Trust e do Royal College of Surgeons, na Irlanda, mostra que infartos graves são mais prováveis de acontecer em uma segunda-feira do que em qualquer outro dia. E a explicação provável é o aumento do estresse devido à necessidade de voltar a trabalhar depois de um fim de semana de descanso.
Registros dos serviços de saúde da Irlanda mostram que o risco de um ataque cardíaco é 13% maior no primeiro dia da semana de trabalho. Os pesquisadores analisaram dados de 10.528 pacientes internados entre 2013 e 2018 em toda a ilha da Irlanda, incluindo a Irlanda do Norte.
Os pacientes apresentaram o tipo mais grave de ataque cardíaco — um infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (STEMI). Este problema ocorre quando uma grande artéria coronária é completamente bloqueada. Os médicos descobriram que ocorria um pico de ataques cardíacos STEMI principalmente na segunda-feira.
Estudos anteriores sobre o tema apontaram a alteração do ritmo circadiano — ciclo de sono ou vigília do corpo — como uma possível causa para o aumento de infartos na segunda-feira.
“O mecanismo exato para essas variações é desconhecido, mas presumimos que tenha algo a ver com a forma como o ritmo circadiano afeta os hormônios circulantes que podem influenciar ataques cardíacos e derrames”, disse Jack Laffan, cardiologista que liderou a pesquisa no Belfast Health and Social Care Trust, em comunicado. “É provável que seja devido ao estresse de voltar ao trabalho. O aumento do estresse leva ao aumento dos níveis do hormônio do estresse cortisol, que está associado a um maior risco de ataque cardíaco.”
Inverno
Em outra frente, de acordo com dados do Observatório de Saúde Cardiovascular do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), baseado em informações do Datasus, do Ministério da Saúde, que abrangem o período de 2008 a 2023, a estação do inverno propicia aumento de internações por infarto. Esse aumento alcança até 12%, no Brasil, em pessoas que apresentam fatores de risco, disse a diretora do INC, Aurora Issa. Em nível mundial, o índice chega a 30%.
Alguns aspectos fisiopatológicos colaboram para o aumento de infartos nessa época do ano, destacou Aurora.
“Uma das situações é que o frio faz os vasos sanguíneos se contraírem em resposta ao frio. Com isso, em alguns casos, pode ter aumento da pressão arterial e isso acaba criando uma resistência ao bombeamento de sangue do coração, o que pode sobrecarregar um pouco o coração. É um dos mecanismos”.
Outro fator é o número de internações por infecções respiratórias que ocorrem no inverno.
“A infecção respiratória tem potencial de, nos pacientes que têm placa de gordura nas artérias coronárias, principal substrato para a ocorrência de infarto, instabilizar as placas e formar trombos”. O trombo impede a passagem do sangue no vaso e isso acontece com frequência significativa em pacientes com infecção respiratória no inverno, diz a especialista. As informações são do jornal O Globo.