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Colunistas Lembranças que ficaram (35): a rede tropical de hotéis Varig

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Depois dos anos 71/72 e da expansão havida no Brasil, quando se falava em “milagre brasileiro” e dos altos e baixos da economia e das crises do Petróleo na década de 70, o Pólo Petroquímico de Camaçari, em Salvador, assim como o Pólo Industrial do Recife, de Fortaleza e de Manaus, a extração de Bauxita, de Alumínio e as grandes Industriais de toda a região Norte-Nordeste, constantemente requeriam minha presença por lá, no exercício do meu trabalho. Eu sempre me hospedava na Rede Tropical de Hotéis da VARIG. Me sentia mais em casa.

Eu não me lembro bem, mas acho que foi em 1977 ou 1978 que a Volkswagen lançou o Fuscão com uma sinaleira traseira grande, redonda, bem chamativa. Ah!…mas foi lançar e o apelido pegar. Não sei quem de São Paulo ou do Rio, chamou aquele fuscão com aquela “lanterna” – como dizem os paulistas – de FAFA de Belém. Eles são incríveis e irreverentes.

Pois bem, depois de um dia de trabalho em Manaus, pelo fim da tarde fui para o Tropical Manaus Hotel, da VARIG. Vesti calção de banho, fui para piscina, sentei e pedi um gim-tônica. Acabara de sentar e eis quem vem, de maiô, caminhando bonita e faceira, toda simpática e brejeira, despejando charme por todos os poros e se joga na água: “a incrível Fafá de Belém”. Não deixei de olhar aqueles bonitos e proeminentes seios parcialmente escondidos pelo maiô. Meio admirado, meio sorrindo, (e como disse a moça da novela) “pensei de mim para comigo”- mas que belo fuscão temos aí.

E sorvi aquele gim-tônica me deliciando com o local lindo, enfeitado, ao vivo e a cores, pela então esfuziante Fafá de Belém. Foi nessa viagem, também, que indo jantar ao ar livre com nosso representante no Ceará, na beira da praia, em Fortaleza, num bom e belo restaurante, antes de saborearmos a refeição, ele mandou servir um “Suco de Sururu”. Não conhecia. Nunca tinha tomado. Meu Deus do céu…que coisa boa! Depois disso muitas outras vezes tomei, em outras capitais do nordeste, mas nunca mais igual a essa vez…

Em seguida fui à Natal onde nosso representante do RN “me deu uma canseira” com tamanha e tão bem programada escala de atividade social. Incansável, prestativo e hospitaleiro tornou minha estada, naquela viagem, em uma saudosa lembrança. Cheguei à noite, me esperou no aeroporto, me levou ao Hotel Reis Magos da VARIG e na manhã seguinte não me levou a visitar nenhum cliente, mas começou um tour: Barreira do Inferno, Cajueiro gigante, contrafortes do mar – as falésias – as enormes “dunas” de coleta de sal marinho, a almoçar uma “galinha cabidela” e a jantar um churrasco de carne de sol”.

No dia seguinte para uma entrevista no jornal local, andar de buggy nos espetaculares cômoros de areia, ao Palácio do Governo, onde encontramos o Prefeito de uma cidadezinha do interior, que pediu à ele que assinasse uns papeis. Nada perguntei mas ele me explicou que aqueles papeis eram da Secretaria da Câmara de vereadores e que ele tinha que assinar como Secretário, pois ele era vereador naquele município, embora nunca tivesse estado lá… Comecei a entender o Nordeste…

Voltei muitas outras vezes em todas as Capitais do Nordeste e acabei aprendendo a conviver, profissional e socialmente, com aquele povo fazendo o que tinha que fazer na hora de ser feito e desfrutando sua sabedoria e sociabilidade nas horas adequadas. O Nordestino tem uma sintonia e uma cultura absolutamente comum a todos, mas incomum ao resto do Brasil. Eles sabem viver e desfrutar a vida. E como sabem…

Foi uma pena a VARIG ter parado, pois a Rede de Hotéis Tropical que ela mantinha era, excepcionalmente, boa. Ver hoje, por exemplo; o abandono, quase ruínas , do TAMBAÚ HOTEL de João Pessoa, é triste, revoltante e – como se diz – não dá pra entender… Me veio à mente um ciclo de palestras que assisti em São Paulo, do grande guru em administração, Peter Druker, que disse e enfatizou um fenômeno cíclico que parece tão inevitável quanto inexplicável que “de 80 em 80 anos, em média, o dinheiro troca de mãos – as atividades e os negócios seguem existindo, mas o dinheiro troca de donos”.

Isso eu ouvi e assisti em 1976 e passei a observar e vi que é verdade. Se não veja: mesmo em Porto Alegre, os tipos de negócios que tinha a Imcosul, a JH Santos, a Mesbla, a Hermes Macedo, a Casa Masson, a Scarpini, a Tschidel, a Livraria do Globo – todos – continuam existindo e cada vez mais fortes, mas essas empresas não existem mais. Novos nomes com novos donos, ocupam seus lugares. Sei lá…”puede que si puede que no”. Novos Hotéis e novas Cias. Aéreas existem e aí estão, mas a Rede Tropical de Hotéis e a VARIG, não existem mais.

Luiz Carlos Sanfelice, advogado jubilado, auditor

*lcsanfelice@gmail.com

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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