Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de maio de 2015
O vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice, afirmou que o diretório regional do partido no Rio de Janeiro receberá de braços abertos o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. No entanto, o petista gaúcho não dará o tom político a ser seguido pela legenda no Estado.
Cantalice defendeu que decisões, como o rompimento da aliança com o PMDB fluminense, cabem ao diretório estadual. O dirigente nacional participou do 5º Congresso Estadual do PT, no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, na capital fluminense. O evento reuniu aproximadamente 400 militantes.
“O Rio de Janeiro é um Estado generoso, recebeu companheiros de outros lugares, como o senador Lindbergh Farias, que é da Paraíba, e vai receber também o Tarso Genro. Mas chegar e querer dar o tom político? Isso, não. Isso cabe à direção regional. Ele poderá ajudar, é uma liderança nacional. Agora, quem vai definir a política no Rio somos nós”, afirmou Cantalice, que é do Rio, ao comentar a proposta de Tarso de criar uma frente de esquerda para concorrer à prefeitura da capital e romper a aliança PT-PMDB.
“Essa posição de rompimento com os peemedebistas é de uma minoria no diretório estadual. Participamos dos dois governos do prefeito Eduardo Paes [na capital] e temos três secretarias. Como justificar a nossa saída?”, indagou.
Frente de esquerda – Tarso promoveu na noite de sexta-feira, no Rio, uma plenária para discutir a criação de uma frente de esquerda, tendo como meta o fortalecimento da legenda nas eleições de 2018. A reunião teve o apoio e a participação de Farias e do deputado federal Alessandro Molon (RJ). Eles defendem o rompimento imediato com o PMDB.
Farias, que foi derrotado pelo governador peemedebista Luiz Fernando Pezão nas eleições do ano passado para o Palácio Guanabara, é um dos mais críticos à aliança. Integrante da mesa de discussões do congresso, ele acusou o diretório regional de defender uma parceria com um partido que faz chantagem e mantém como refém a presidenta Dilma.
“Como poderemos ficar ao lado de nomes como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha [PMDB-RJ], e a família Picciani [Jorge e Leonardo – PMDB-RJ], que são quem chantageiam e comandam a pressão sobre o governo Dilma? Não quero sair ao lado deles na foto”, contestou. Partidários da proposta do ex-governador do RS distribuíram cópia do manifesto sobre a frente de esquerda definido na plenária.
Contrário a Farias, o presidente do PT-RJ, Washington Quaquá, prefeito de Maricá, voltou a defender a união com o PMDB. O argumento dele é que o partido é necessário para o governo Dilma e, no Rio, Paes tem sido um fiel aliado à chefe do Executivo. Quaquá ironizou a iniciativa de Tarso de querer impor rumos políticos no Estado e afirmou que a base do governo Dilma precisa ser repensada. “Não estou pensando nisso agora [eleições municipais] e não estou preocupado com a chegada do Tarso Genro. Estou até me divertindo…” Segundos depois, Quaquá completou a frase: “…com o debate”.
As eleições municipais, a crise política, o ajuste fiscal promovido pela presidenta e cortes no Orçamento, além das denúncias de corrupção envolvendo o PT, foram os assuntos debatidos durante o encontro, bem como a necessidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar às ruas para recuperar o apoio ao PT de setores populares. O deputado estadual Carlos Minc alertou para falhas do PT em atender aos prefeitos da sigla no Estado, e advertiu para o risco de a legenda reduzir o número de prefeituras. Para ele, o partido “não tem conversado com os prefeitos”. Atualmente, o PT tem 11 prefeituras.
Já a deputada federal Benedita da Silva (RJ) afirmou que a sigla terá dificuldades nas próximas eleições, em função de problemas na economia, o que fez a oposição se organizar e conseguir o apoio de setores da sociedade que antes acompanhavam a legenda.