Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2024
O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilO juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 3,6 pontos porcentuais de junho para julho, informou nesta quinta-feira (29) o Banco Central. A taxa passou de 428,7% (dado revisado) para 432,3% ao ano.
No caso do parcelado, o juro passou de 182,5% (dado revisado) para 178% ao ano entre junho e julho. Considerando o juro total do cartão de crédito, que considera operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 85,2% (dado revisado) para 82,8%.
O Congresso definiu em lei que os juros do rotativo e do parcelado não poderiam ultrapassar 100% do principal da dívida, caso os bancos não chegassem a um acordo sobre o assunto, chancelado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Como não houve consenso, o teto para os juros e encargos da modalidade passou a valer desde 3 de janeiro de 2024.
As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano. Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente, são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas.
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não planeja descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo. Para acompanhar as exigências da nova lei, o BC criou um novo indicador, que deve ficar “maduro” no segundo semestre, quando houver mais dados disponíveis na amostragem.
Rotativo pelo parcelado
Segundo Rocha, os dados sobre cartão de crédito indicam troca do rotativo pelo parcelado. As operações com o cartão parcelado no mês de julho aumentaram 0,5% ante junho, mas as do cartão rotativo diminuíram em 5,6%, considerada pelo técnico como uma “redução mais significativa”.
Ele também enfatizou que, quando comparados os saldos de julho passado com o do mesmo mês de 2023, há um crescimento de 8,7% no cartão de crédito e de 12,6% do cartão à vista. Rocha disse também que o saldo do cartão à vista cresceu R$ 47,5 bilhões e o conjunto das operações de cartão de crédito, R$ 44,7 bilhões.
“Houve uma redução mais significativa dos saldos do cartão rotativo e, em termos agregados, é como se houvesse uma troca entre aquelas operações do cartão de crédito rotativo e as operações de cartão de crédito parcelado. Ou seja, a negociação entre clientes, a transferência de migração de saldos do cartão rotativo para o cartão parcelado parece que está ocorrendo”, analisou.
Ele destacou que, no período de 12 meses, o cartão rotativo caiu 22,5%, o equivalente a uma queda de R$ 17 bilhões. Já o cartão parcelado aumentou 13%, o que significa um total de R$ 14 bilhões. “Houve uma redução de R$ 17 bilhões no rotativo e um aumento de 14 bilhões no cartão parcelado. Quando a gente olha o longo da série histórica do cartão rotativo, é o pico da série, ou seja, o maior montante do saldo, de valor de pessoas no cartão rotativo, aconteceu em fevereiro de 2023?, comparou, salientando que esse valor do saldo do cartão naquela época era de R$ 84,7 bilhões.