Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de agosto de 2024
Um apagão registrado na sexta-feira (30) deixou a Venezuela no escuro, incluindo a capital Caracas e todos os Estados do País. O ditador Nicolás Maduro atribuiu a falha a uma “sabotagem”. Em uma tentativa de acalmar a população, o ministro do Interior, Diosdado Cabello, afirmou que o fornecimento seria retomado aos poucos.
“Como sempre, estou com o povo. Estou na linha de frente da situação, enfrentando esse ataque criminoso contra o sistema elétrico nacional”, disse Maduro, que responsabilizou os “fascistas” da oposição. “Eu já disse antes e repito agora. Muita calma e nervos de aço.”
O ministro das Comunicações venezuelano, Freddy Ñáñez, disse que todo o território foi afetado. “Houve uma sabotagem contra o sistema elétrico, que afetou todo o território nacional. Os 24 Estados informam perda total ou parcial do fornecimento”, disse.
Os apagões têm sido frequentes na Venezuela há uma década, e são cada vez mais comuns à medida que o País aprofunda sua crise econômica e política. O pior deles ocorreu em março de 2019, durante um período de agitação.
Incompetência e corrupção
Quase sempre, o regime coloca a culpa na oposição. Especialistas, no entanto, responsabilizam o governo pela falta de investimento, incompetência e corrupção. Algumas vezes, os apagões seriam resultado de incêndios florestais que danificam linhas de transmissão e da má manutenção da infraestrutura hidrelétrica.
Regiões como Táchira e Zulia, que já foram a capital do petróleo, sofrem cortes diários de energia. Muitos dos problemas diminuíram à medida que a economia se estabilizou, embora em patamares ainda muito críticos. Ainda assim, após a eleição presidencial contestada do mês passado, o regime é rápido em culpar os oponentes, até mesmo por pequenas interrupções.
Esse foi o caso na terça-feira (27), quando um apagão afetou Caracas e alguns Estados centrais. “Esta é uma estratégia constante da oposição, dos inimigos do país, para afetar a população”, disse Cabello, que é considerado o segundo homem mais poderoso do chavismo.
Os moradores de Caracas levaram a interrupção dessa sexta com tranquilidade. O trânsito durante o horário de pico, normalmente movimentado, estava mais leve e algumas pessoas reclamaram de não conseguir se comunicar com parentes e amigos devido à falta de serviço de celular.
Alejandra Martinez, vendedora de 25 anos, disse que notou que a energia acabou quando o ventilador parou de funcionar. “Achei que a luz voltaria e voltei a dormir”, disse ela, enquanto esperava um ônibus para o trabalho em Caracas. “Quando acordei, percebi que era um apagão.”
O apagão ocorreu no mesmo dia em que o candidato opositor Edmundo González Urrutia, de 75 anos, foi citado pelo Ministério Público, que abriu uma investigação criminal contra ele. É a terceira citação, depois que ele ignorou outras duas. O não cumprimento da medida acarretaria a emissão de um mandado de prisão. No entanto, o cerco ao opositor parece ter dado uma trégua em meio ao apagão nacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.