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Geral Economia e renda crescem no Brasil e desemprego cai, mas analistas veem problemas; entenda

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A economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre e mais uma vez surpreendeu positivamente. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

A economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre e mais uma vez surpreendeu positivamente. A inflação tem perdido força. Os números de desemprego têm caído e chegaram ao menor nível da série histórica para o trimestre. E a renda, crescido. Mas analistas veem problemas na economia brasileira. Por quê?

Em março, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, disse algo que, na época, incomodou o governo, mas agora ganha espaço entre economistas: “Se a gente continuar crescendo 3% ao ano, vamos ter alguma dificuldade com pressão inflacionária”. Isso porque, apontava Schwartsman, o crescimento brasileiro está sistematicamente acima do seu potencial.

Parte do crescimento do Brasil, na visão de analistas, está relacionada a um aumento de gastos por parte do governo visto desde a pandemia de covid-19. Isso impulsiona o consumo das famílias, como também acontece em outros países — os Estados Unidos são exemplo disso.

“As reformas estruturais são importantes, mas não acho que elas tenham trazido crescimento potencial perto de 2,5% ou mais, que é o que temos visto nos últimos anos no Brasil. Acredito que estamos sendo puxados mais por forças cíclicas do que estruturais. Alguma coisa estrutural pode estar acontecendo, só que isso vai demorar para ser medido”, afirma a diretora de macroeconomia para o Brasil do UBS Global Wealth Management, Solange Srour.

Ela destaca que os dados divulgados nesta terça-feira, 3, apontam que o investimento está realmente retomando, mas ainda está abaixo do necessário para aumentar a capacidade produtiva. “Esse aumento que está acontecendo na margem nem recompõe a depreciação do capital. O Brasil precisa aumentar muito sua taxa de investimento para chegar a um potencial acima de 2,5%”, diz a economista.

Ela cita como relevantes, do ponto de vista estrutural, a reforma trabalhista, microrreformas no crédito e a abertura do mercado de óleo e gás. Do outro lado, diz, o fato de o investimento no País não ter crescido nos últimos anos e a perspectiva de envelhecimento populacional ligam o sinal de alerta. “É muito difícil ficar otimista com a perpetuação de um crescimento perto de 3% para frente”, afirma.

O fato de a produtividade em muitos setores não ter melhorado também é um indicador de que a atual taxa de crescimento pode não ser sustentável.

“Esse é o quarto ano que os economistas — nós incluídos — subestimam o crescimento econômico do País. Ou seja, que as nossas projeções no início do ano são muito menores do que o que efetivamente a gente tem de crescimento no final do ano. Aconteceu em 2021, 2022, 2023 e agora em 2024 também”, diz a economista do BNP Paribas Laiz Carvalho. Segundo ela, os economistas podem, sim, estar subestimando o PIB potencial (a capacidade de o País crescer sem gerar desequilíbrios, como a inflação) do Brasil — mas isso não explicaria sozinho o crescimento. “É muito difícil medir PIB potencial, cada economista tem um jeito de fazer, mas a gente sabe que ele aumentou”, diz Carvalho.

Antes da pandemia, o PIB potencial brasileiro era apontado como próximo ao 1,5% ou 1,6%. Segundo ela, o PIB potencial hoje é algo próximo a 2%. “Mas ainda temos uma certa dificuldade de ver um PIB potencial de mais de 2%, 2,5%, que é o que explicaria esse crescimento tão alto”, diz a economista do BNP.

“Fizemos várias reformas nesses últimos dez anos. A da Previdência, a tributária, estamos vendo uma mudança no mercado de trabalho, mas o nosso nível de investimentos não está muito mais alto do que a média histórica, a nossa produtividade também, tirando no agro. Não estamos vendo uma mudança estrutural nisso e nem grandes investimentos de longo prazo no Brasil, seja ele público, seja ele privado”, explica Laiz Carvalho.

O problema de um crescimento não sustentável e estrutural é que ele tende a pressionar os preços — e gerar a temida inflação. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumenta que o aumento de investimentos é que vai fazer com que o crescimento não gere inflação. “O crescimento com investimento maior é garantia de equilíbrio entre oferta e demanda”, afirmou Haddad nesta terça-feira, 3, após a divulgação do PIB do segundo trimestre.

O ministro comemorou o resultado da atividade da indústria no segundo trimestre, que cresceu 1,80%, mais do que o esperado. “A indústria voltou forte, a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) está correspondendo, veio acima das projeções, o que significa mais investimento”, disse Haddad. Ele admitiu, no entanto, que o País pode ter dificuldade de continuar a crescer sem que a inflação suba. “Se não aumentar nossa capacidade instalada, vai chegar momento que teremos dificuldade de crescer sem inflação. Algumas indústrias ainda estão com muita margem para crescer a produção, mas isso não diz respeito à economia como um todo. Tem setores que já estão inspirando atenção e os investimentos vão ter que acelerar para que não haja gargalo na oferta”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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https://www.osul.com.br/economia-e-renda-crescem-no-brasil-e-desemprego-cai-mas-analistas-veem-problemas-entenda/ Economia e renda crescem no Brasil e desemprego cai, mas analistas veem problemas; entenda 2024-09-03
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