Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2024
Ainda há muita dúvida sobre o momento certo para procurar um geriatra. Com o aumento da expectativa de vida – segundo os dados mais recentes do IBGE, é de 75,5 anos – pessoas com 40 anos, em geral, estão no auge da vida. É o momento em que desfrutam da estabilidade na carreira, com tempo livre para se dedicarem a atividades esportivas e de lazer, buscando o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Os cuidados, muitas vezes, incluem consultas com especialistas, mas no momento de uma emergência, dificilmente sabem a quem procurar. Por que será, então, que não pensam no acompanhamento com um geriatra?
“Existe o preconceito de que o geriatra é o médico para o fim da vida, que você só consulta quando está muito velho e nada mais vai dar jeito. Na verdade, a geriatria serve para prevenir os processos inerentes à velhice”, diz a geriatra Roberta França.
Focado no processo de envelhecimento, esse profissional é o mais indicado para tratar síndromes geriátricas, as doenças comuns a essa fase da vida. Mas não só. É ele que, responsável pela saúde global do indivíduo, vai orientar o paciente para que ele tenha autonomia durante o processo de envelhecimento, que é a capacidade de tomar decisões, e funcionalidade, destreza para realizar essas ações o maior tempo possível.
“O geriatra vai ser o grande maestro da orquestra, é quem vai organizar a vida do paciente, todos os remédios que ele toma e os especialistas com os quais ele se consulta, de forma harmônica”, completa Alessandra Ferrarese, médica titulada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Guardadas as diferenças de idade, a relação do geriatra com o paciente que já passou dos 40 pode ser comparada à do pediatra com quem está na primeira fase da vida.
“Quando você tem um filho pequeno, você leva ao pediatra, que é quem vai acompanhá-lo do nascimento até os 16 anos. Se a criança tem uma queda de cabelo, é para ele que você vai ligar e não para o dermatologista. Com o geriatra, é a mesma coisa. Ele é o médico que vai cuidar do paciente do fio do cabelo até o dedão do pé”, compara Roberta.
Segundo ela, é responsabilidade desse especialista tratar casos de hipertensões leves, diabetes simples e dermatites, por exemplo. “Orientamos o paciente para que ele não fique indo a 50 médicos. Agora, se ele está com uma cardiopatia, eu vou precisar da avaliação do cardiologista”, explica.
Virada de chave
Dados dão conta de que o ser humano começa a envelhecer aos 28 anos. Ainda que em fase inicial, é nesse período que nossos órgãos e tecidos começam a sentir a passagem do tempo, visível na pele e nos cabelos. Qual será então a idade ideal para procurar o geriatra?
O senso comum crava os 60 anos, quando o ser humano é considerado oficialmente idoso. Uma pesquisa recente da Universidade Stanford e da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, no entanto, aponta que a partir dos 44 anos o organismo passa por alterações importantes relacionadas com o processo de envelhecimento.
Para Roberta, a chave fisiológica vira e as pessoas começam a ter uma percepção maior do processo de envelhecimento do organismo quando completam meio século de vida. “É quando você começa a ter clareza de que vai à academia e não perde peso como antes, que a dieta parece não fazer mais efeito, que começam as alterações do sono, da pele, do cabelo a ponto de incomodar o paciente”, explica.
Já Alessandra prefere começar um pouco antes, por volta dos 44 anos. A diferença de seis anos a mais ou a menos é pequena. O importante para ambas é trabalhar na promoção de saúde e na prevenção de doenças. “Óbvio que antes tarde do que nunca, mas, se você deixar para ir ao geriatra aos 70, o médico irá trabalhar em cima de doenças que já existem. Agora, se você vem aos 50, vamos fazer o seu check-up e estabelecer o que não, o que sim e o que nunca, criando uma estratégia de promoção de saúde”, avalia Roberta. As informações são do jornal O Globo.