Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de setembro de 2024
Após descumprir medidas cautelares e ter a prisão domiciliar revogada pela Justiça, a influenciadora digital Deolane Bezerra foi encaminhada do Recife para a Colônia Feminina de Buíque, no Agreste do Estado, na tarde dessa terça-feira (10). A empresária foi presa na Operação Integration, contra suposto esquema de lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais.
Depois de sair do Fórum Rodolfo Aureliano, Deolane foi conduzida ao Instituto de Medicina Legal (IML) para fazer um exame de corpo de delito. Ela chegou às 16h55 e deixou o local por volta das 17h15, acompanhada de policiais da Coordenação de Operações e Recursos Especiais, da Polícia Civil.
Conforme apuração da TV Globo, a influenciadora seguiu direto do IML para Buíque, que fica a 279 quilômetros da capital pernambucana e a cerca de 150 quilômetros de Caruaru, a maior cidade do Agreste do estado.
A Justiça chegou a conceder um habeas corpus, substituindo a prisão preventiva pela domiciliar, e a influencer deixou a Colônia Penal Feminina do Recife, com tornozeleira eletrônica, na segunda (9). Mas a decisão foi revogada pelo fato de Deolane ter falado com a imprensa e publicado nas redes sociais ao sair da prisão, descumprindo medidas cautelares determinadas pela 12ª Vara Criminal.
Após passar a noite na capital pernambucana, a empresária chegou, na tarde dessa terça, ao Fórum Rodolfo Aureliano, no Centro da cidade, para assinar documentos da prisão domiciliar e fazer a coleta de digitais. Porém, em vez disso, foi informada de que a prisão domiciliar tinha sido revogada e que ela voltaria ao presídio.
Revogação
Segundo informações apuradas pelo portal g1, Deolane foi beneficiada pelo artigo 318A do Código de Processo Penal e por um habeas corpus coletivo concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de 2018, que substitui a prisão preventiva por domiciliar para gestantes, lactantes e mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência. A empresária é mãe de uma menina de 8 anos.
Além de Deolane, a decisão beneficiou Maria Eduarda Filizola, esposa de Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte, empresa de aposta online investigada na operação; e Marcela Tavares Henrique da Silva Campos, irmã de Darwin e sócia dele numa das empresas investigadas.
Além de conceder o habeas corpus, a Justiça determinou que Deolane cumprisse algumas medidas cautelares. Entre elas, estava a proibição de se manifestar sobre o caso nas redes sociais, em entrevistas à imprensa ou em outros meios de comunicação. Ela também foi proibida de ter contato com os demais investigados e deveria permanecer em casa todos os dias, incluindo nos fins de semana.
O descumprimento da decisão ocorreu logo depois que ela deixou a Colônia Penal Feminina. Cercada por jornalistas e por fãs que a aguardavam do lado de fora, a influenciadora falou que considerava a prisão “criminosa”.
Pouco tempo depois do pronunciamento, a conta da advogada no Instagram publicou uma foto dela, na qual aparece com uma espécie de fita na boca, formando um “X” no centro, com a legenda “Carta aberta…”.
Cronologia
A empresária e influenciadora digital Deolane Bezerra foi presa em 4 de setembro durante a Operação Integration, deflagrada contra uma quadrilha suspeita de movimentar cerca de R$ 3 bilhões num esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar.
Além de Deolane, foram presas mais de 10 pessoas suspeitas de integrar o esquema, incluindo o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes da Sorte, e a esposa dele, Maria Eduarda Filizola.
Após ser presa, Deolane confirmou que comprou um carro de luxo de Darwin, um Lamborghini Urus S, por R$ 3,85 milhões.
Segundo a Polícia Civil, os pagamentos à vista pela compra e pela venda de carros de luxo feitas pela empresa e pelo empresário geraram indícios de que houve “lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas esportivas”.
Ainda de acordo com a polícia, a Justiça decretou o sequestro de bens de vários alvos, incluindo aeronaves e carros de luxo, e o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões. Ao todo, a polícia solicitou que R$ 3 bilhões fossem bloqueados.
Em julho deste ano, Deolane abriu uma empresa de apostas, ZEROUMBET, com capital de R$ 30 milhões. Segundo a polícia, a empresa foi aberta para lavar dinheiro de jogos ilegais.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões de Deolane e de R$ 14 milhões da empresa dela por lavagem de dinheiro. Na delegacia, a influenciadora afirmou que a renda mensal dela é de R$ 1,5 milhão.
A suspeita da polícia é a de que a mãe de Deolane, Solange Bezerra, também tenha sido usada no esquema, por isso a Justiça determinou o bloqueio de R$ 3 milhões das contas de Solange.
Foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e apreendidos dezenas de imóveis, embarcações, aeronaves, veículos e objetos de luxo.