Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de setembro de 2024
Soteldo, do Grêmio, faz parte da legião de jogadores cedidos.
Foto: Lucas Uebel/GrêmioO que um insólito Bolívia e Venezuela, em El Alto, a mais de 4 mil metros de altitude, pode oferecer de atrativo ao torcedor brasileiro? Para alguns, o jogo tinha personagens conhecidos. Do lado venezuelano, o são-paulino Ferraresi, o corintiano José Martínez. Ao longo da partida, o gremista Soteldo e Kervin Andrade, do Fortaleza, saíram do banco para tentar evitar a derrota. Em vão. Já os bolivianos começaram com Haquín, da Ponte Preta. Mas o destaque ficou com a dupla do Santos Miguelito Terceros e Enzo Montero, que entraram e marcaram dois gols da vitória por 4 a 0.
Dos 43, oito estão a serviço da própria seleção brasileira. Os 35 restantes são estrangeiros distribuídos em outras oito. Os salários mais altos em relação ao restante do continente alçam o Campeonato Brasileiro a um status de “Premier League sul-americana”. Esta Data Fifa ainda tem mais três atletas de times brasileiros convocados para seleções de outros continentes. São eles o angolano Bastos, do Botafogo; o costarriquenho Joel Campbell, do Atlético-GO; e norte-irlandês Jamal Lewis, do São Paulo.
A temporada europeia no começo, com os jogadores ainda recém-saídos das férias, poderia justificar o expressivo número de atletas que atuam no Brasil. Mas a última Copa América, disputada entre junho e julho nos Estados Unidos, mostra que o fenômeno não é pontual. Do total de jogadores das 16 seleções participantes, 37 jogavam por clubes da Série A. É o mesmo número de convocados saídos da Premier League original e quatro a menos que da MLS, a liga norte-americana.
“É importante para nós, é importante para o Brasil ver que aqui temos um grande campeonato e grandes jogadores. Se parar para pensar, a maioria dos jogadores que servem os outros países são do Brasileirão. Temos que valorizar o nosso campeonato, que é muito importante”, destacou o meia Gerson, do Flamengo, em entrevista durante a semana com a seleção brasileira.
Os clubes da Série A não são os únicos a fornecer jogadores para a rodada atual das Eliminatórias. Na B, o Santos tem cinco convocados e a Ponte Preta, um.
Nos últimos anos, os clubes têm aumentado o limite de estrangeiros em campo, atualmente de nove. Na última janela de transferências internacional, reforçaram este movimento de internacionalização do futebol brasileiro. Entre chegadas e saídas, o número de “gringos” na Série A aumentou de 123 para 130. Entre as nacionalidades, os argentinos lideram, com 45 representantes. Por ironia, a única seleção do continente que não convocou nenhum atleta de um clube brasileiro.
Nem todos os impactos desta tendência, contudo, deixam os torcedores satisfeitos. Cada vez mais, as convocações têm sido vistas como obstáculos para seus próprios times. A pausa para a Data Fifa é justamente o momento para os jogadores se recuperarem do excesso de jogos e terem um raro período de treinos. Uma vez a serviço de suas seleções, perdem este momento.
Ainda que tenha sido apenas uma infelicidade, a lesão de Pedro, do Flamengo, acaba por contribuir com esta rejeição. O atacante rompeu o ligamento do joelho esquerdo durante treino pela seleção e perdeu todo o restante da temporada. (AG)