Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de setembro de 2024
O presidente da Venezuela Nicolás Maduro negou que o opositor Edmundo González tenha sido coagido e disse que o ex-candidato pediu a ele “clemência” antes de sair da Venezuela. González, que tinha um mandado de prisão contra ele emitido pelo Ministério Público do país, acabou obtendo salvo-conduto para se asilar na Espanha e deixou a Venezuela no começo de setembro.
“Me dá vergonha alheia que o senhor González Urrutia, que pediu clemência para mim, não tenha palavra com o que desempenhou e alegre sua própria inaptidão e sua própria covardia para tentar salvar sabe-se lá o quê, porque ele já perdeu sua moral para sempre”, criticou Maduro em discurso.
Nos últimos dias, tanto o governo venezuelano como González confirmaram que o opositor assinou uma carta na qual acata a sentença judicial que ratifica a vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
O ex-candidato apoiado por María Corina Machado, no entanto, diz ter assinado a carta sob coação, versão que o chavismo nega. O documento foi assinado na residência do embaixador espanhol em Caracas – onde o opositor estava asilado – em uma reunião entre González, o presidente do Legislativo, Jorge Rodríguez, e da vice-Presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez.
Em entrevista à Reuters nessa sexta (20), o ex-candidato disse que buscou refúgio após ser avisado que as forças de segurança do governo do presidente Nicolás Maduro estavam indo atrás dele, e que poderia ter sido preso e possivelmente torturado se tivesse permanecido na Venezuela.
Em vídeo, após a revelação da existência da carta, González afirmou que o documento foi assinado durante “horas muito tensas de coação, chantagem e pressões”. “Ou eu assinava, ou me ateria às consequências”, expressou, sobre o que teriam dito para ele.
O chavismo, por sua vez, nega a coação e afirma que foi González quem procurou integrantes do governo para pedir o salvo-conduto para sair da Venezuela.
Em coletiva nesta quinta, Jorge Rodríguez divulgou áudios que afirma serem da reunião na residência do embaixador espanhol e que denotariam um ambiente cordial e o desejo do próprio opositor de sair do país.
“Ninguém pode alegar sua própria inaptidão em defesa própria. González Urrutia, ninguém pode alegar sua própria covardia e sua própria traição aos seus seguidores em defesa própria”, exclamou Maduro, em pronunciamento ao lado de Delcy Rodríguez.
O presidente venezuelano ainda disse ser ele quem foi perseguido, e garantiu que não se acovardou. “Eu poderia dizer, ai, estou assustado, os gringos falaram mal de mim. Ai, o Parlamento Europeu não me reconhece”, ironizou, sobre os questionamentos internacionais à sua eleição.