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Mundo Pequena empresa da Colômbia declara guerra à Coca-Cola

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A colombiana Coca Nasa está tirando o sossego da Coca-Cola. (Foto: Divulgação)

A Coca-Cola é uma das marcas mais conhecidas do mundo. Mas o que dizer de apenas a metade do nome? Uma empresa da Colômbia, agindo “em defesa da folha de coca”, pediu ao governo a revogação da patente centenária da gigante dos refrigerantes sobre a palavra “coca”.

A Coca Nasa, que produz energéticos, cervejas e bebidas alcoólicas feitas de coca, alega que a proteção viola “direitos fundamentais de povos indígenas”. O mecanismo é usado “abusivamente” pela Coca-Cola, afirma a empresa colombiana, e deve ser rescindido.

O que motiva a ação, segundo a Coca Nasa, é o que a empresa qualifica como um histórico de intimidação por parte da Coca-Cola. “É como se Davi e Golias estivessem lutando em razão do colonialismo”, disse David Curtidor, cofundador da Coca Nasa. Scott Leith, portavoz da Coca-Cola, respondeu que a empresa “respeita todas as comunidades e suas tradições, bem como as leis de cada país onde opera”.

Duas décadas

A batalha ocorre há quase duas décadas. Curtidor e sua sócia, Fabiola Piñacué, fundaram a Coca Nasa, batizada em homenagem a um povo indígena do sul da Colômbia, em 1998. O objetivo era desestigmatizar a coca, que é cultivada por comunidades andinas para fins medicinais e cerimoniais.

Em sua forma natural, a folha de coca não tem os efeitos narcóticos da cocaína. Desde a década de 60, porém, a Colômbia se tornou o centro global de produção de cocaína e a coca virou símbolo da violência. Um tratado de 1961 exige a “remoção de todas as plantas de coca” e proíbe a distribuição de produtos derivados. Mas uma brecha permite que as folhas sejam vendidas se lhes for retirado o alcaloide da cocaína, com intenção de produzir um “agente flavorizante” – que a Coca-Cola usa em seu produto.

“Tudo isso é irônico e hipócrita, porque nossos produtos foram proibidos e nossa herança cultural, destruída, enquanto a Coca-Cola foi autorizada a continuar vendendo sem problemas”, disse Curtidor. O primeiro entrevero entre as empresas foi em 2007, após a Coca Nasa lançar o energético Coca Sek. A Coca-Cola respondeu com um processo de violação de patente. O caso foi rejeitado, mas o produto acabou banido por pressão internacional. A Coca Nasa apelou – e venceu.

Quando a Coca Nasa lançou a Coca Pola – “pola” é uma gíria para cerveja –, a resposta foi parecida. A Coca-Cola exigiu que a empresa deixasse de usar a palavra “coca”. Para Curtidor, foi a gota d’água. Neste mês, ele pediu que a agência de marcas e patentes intervenha. “O problema é a Coca-Cola”, disse. “Se eles se sentassem para dialogar, não teríamos problemas. Mas não podem nos intimidar e esperar que fiquemos calados só porque somos uma empresa menor.”

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