Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2024
Menina foi para o contêiner após ingerir um medicamento dado pela mãe, segundo o MP
Foto: DivulgaçãoO MP (Ministério Público) denunciou por homicídio doloso qualificado a mãe da menina Kerollyn Souza Ferreira, de 9 anos, encontrada morta dentro de um contêiner de lixo em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no dia 9 de agosto. A Justiça recebeu a denúncia na terça-feira (24). A ré deve ser julgada pelo Tribunal do Júri.
Segundo o promotor de Justiça Rafael de Lima Riccardi, a mãe descumpriu o dever legal de proteção, bem como criou o risco de morte da filha ao ministrar um medicamento sedativo na criança antes de a vítima ser achada dentro do contêiner. Ele também pediu ao Poder Judiciário a prisão preventiva da mulher, mas ela foi substituída por monitoramento eletrônico pela Justiça. O MP vai recorrer dessa decisão.
A mulher também foi denunciada por maus-tratos contra a menina morta e outros três filhos, considerando o histórico de omissão em relação aos cuidados com as crianças. Já o pai da vítima foi denunciado por abandono material porque deixou de prover auxílio à subsistência da filha, conforme o MP. Ele também pode ser julgado pelo Tribunal do Júri como crime conexo.
Para o promotor, “a morte de Kerollyn é consequência direta da conduta da mãe, que corriqueiramente permitia que a filha transitasse pelas ruas sem qualquer supervisão, inclusive na lixeira em que foi encontrada, somado ao fato de que, naquela mesma noite, ministrou medicação sedativa não prescrita e de consequências imprevistas à criança, que veio a morrer na lixeira em decorrência de asfixia mecânica mista, relacionada à posição no contêiner, às baixas temperaturas e ao efeito do medicamento, conforme laudos periciais”.
“O MP entende que é um caso de homicídio doloso porque pais têm obrigação pelo zelo, vigilância e cuidado. A menina, há muito tempo, vinha sendo descuidada. A mãe não vigiou a menina naquela noite fatídica, dando remédio para a filha sem saber os efeitos da medicação e, pior do que isso, não vigiou a filha e sabia do estado crítico dela naquela noite. Kerollyn vinha sendo morta um pouco a cada dia. Esses réus não praticaram o mínimo de civilidade em relação a essa filha. Quando se é pai, se é mãe, a gente faz algumas escolhas. Precisamos ser melhores pensando nos nossos filhos”, disse o coordenador do Centro de Apoio Operacional do Júri do MP, promotor de Justiça Marcelo Tubino.