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Por Redação O Sul | 11 de janeiro de 2016
O estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres” mostra que 50,3% das mortes violentas de mulheres no Brasil são cometidas por familiares. Desse total, 33,2% são parceiros ou ex-parceiros. Entre 1980 e 2013, foram assassinadas 106.093 mulheres, 4.762 só em 2013.
O País tem uma taxa de 4,8 mortes para cada cem mil mulheres, a quinta maior do mundo, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), que avaliou um grupo de 83 países. O estudo é de autoria do sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, radicado no Brasil, e analisa informações oficiais nacionais, estaduais e municipais sobre óbitos femininos no País entre 1980 e 2013, passando por registros de atendimentos médicos.
Por dia, 13 mulheres são mortas.
Entre 2003 e 2013, o número de feminicídios passou de 3.937 para 4.762 (+21%). As 4.762 mortes em 2013, último ano estudado, representam média de 13 mulheres assassinadas por dia. Levando em consideração o crescimento da população feminina entre 2003 e 2013 (passou de 89,8 milhões para 99,8 milhões), a taxa das mortes saltou de 4,4% em 2003 para 4,8% em 2013 (+8,8%).
Perfil.
Dezoito anos de idade, negra e morta dentro de casa. A frase descreve um perfil comum das mulheres vítimas de violência no Brasil. Entre 2003 e 2013, houve alargamento desproporcional no que diz respeito ao perfil racial das vítimas: enquanto o número de mortes de mulheres brancas caiu quase 10% entre 2003 e 2013 (de 1.747 para 1.576), os casos de mulheres negras saltaram mais de 54% no mesmo período, passando de 1.864 para 2.875.
Segundo o sociólogo, os números mais recentes mostram que morrem 66,7% mais mulheres negras do que brancas no Brasil.
Em 2013, no último ano levado em conta pelo estudo, o maior índice de mortes registrado foi entre mulheres de 18 anos: 3,6% dos 4.762 óbitos (168 mulheres). É a incidência mais alta de assassinatos dentro do que foi traçado pelo estudo como a faixa etária mais perigosa para as mulheres – que vai dos 18 aos 30 anos e responde por 39% do total de homicídios.
Waiselfisz apresentou um panorama de certa forma surpreendente da distribuição geográfica da violência contra a mulher no País: há enorme diversidade de situações entre regiões e Estados. Roraima, por exemplo, foi o Estado “mais violento” contra mulheres, apresentando um índice de 15,3 homicídios femininos por cem mil habitantes.
A nova geração de vítimas, em que parte das mulheres atingiu a maioridade após a Lei Maria da Penha, parece não estar se beneficiando da maior proteção oferecida pela legislação. Para Waiselfisz, as estatísticas mostram a necessidade de mais esforços na aplicação da lei, sobretudo no que diz respeito aos passos posteriores às denúncias e ocorrências.