Domingo, 09 de março de 2025

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
21°
Light Rain

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Para salvar seu Exército, Putin faz um apelo para que as russas tenham filhos

Compartilhe esta notícia:

O presidente Vladimir Putin decretou prioridade nacional aumentar o número de nascimentos de russos. (Foto: Reprodução)

O que o Kremlin quer dos russos agora se resume a duas coisas. Os homens devem se alistar no Exército. As mulheres devem ter mais filhos. Nos meses recentes, o governo russo dobrou o valor dos bônus para o alistamento de soldados profissionais e impregnou TVs, rádios, redes sociais e as ruas das cidades com anúncios de recrutamento. E uma nova lei permite a suspeitos de crimes evitar julgamento alistando-se para os combates.

Ao mesmo tempo, o presidente Vladimir Putin decretou prioridade nacional aumentar o número de nascimentos de russos, um esforço que inaugurou uma nova fase repressiva na semana passada com uma lei que tornará ilegal qualquer tipo de defesa de estilos de vida sem filhos.

As duas campanhas são distintas, mas na Rússia de tempo de guerra tratam-se também de dois lados de uma mesma moeda: a tentativa cada vez mais agressiva do Kremlin de engajar russos comuns na reconfiguração de seu país para derrotar o Ocidente.

O Exército de Putin precisa de mais soldados para o curto prazo. A força russa tem sofrido mil baixas por dia, segundo estimativas ocidentais, numa guerra de desgaste na Ucrânia que não mostra nenhum sinal de se aproximar do fim.

E para o longo prazo, na visão de Putin, a Rússia precisa de mais gente – para sustentar uma economia cada vez mais isolada do Ocidente, reduzir a dependência do país em relação à imigração e, evidentemente, fornecer uma base de recrutas para guerras futuras.

“Os corpos estão se tornando bens públicos” na Rússia, afirmou o professor Andrei Makarichev, da Universidade de Tartu, na Estônia, que estuda as relações entre os Estados e os corpos das pessoas. “O corpo da mulher é uma fábrica de filhos, e o corpo do homem é a capacidade de puxar o gatilho e, no fim, matar.”

No mês passado, Putin ordenou que o contingente militar da Rússia fosse incrementado em 180 mil soldados, para um total de 1,5 milhão – um número que tornaria o Exército russo o segundo maior do mundo, atrás da China. O Kremlin associou a elevação à “quantidade de ameaças contra o nosso país”.

Mas analistas afirmam que formar um Exército de 1,5 milhão de soldados é irrealista – em grande medida porque a população está diminuindo. A especialista em Forças Armadas russas Dara Massicot, do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, argumenta que o desafio da Rússia não será apenas recrutar novos soldados, mas também possuir uma força de trabalho grande o suficiente para fabricar as armas e os equipamentos que um Exército desse tamanho requereria.

O tema está claramente na cabeça de Putin. Numa conferência na cidade de Vladivostok, na costa russa no Pacífico, no mês passado, Putin elogiou “nossos homens” por, afirmou ele, alistar-se nas Forças Armadas em números “exponencialmente” crescentes. Mas quanto aos nascimentos, o líder russo disse que é preciso melhorar. “É necessário cuidar da população, aumentar o índice de fecundidade”, afirmou ele, “para tornar de bom gosto ter muitos filhos, como costumava ocorrer na Rússia no passado – sete, nove, 10 pessoas nas famílias”.

Economistas e demógrafos têm classificado o declínio da população russa como um grande desafio há muito tempo. Em grande medida isso é parte do legado de uma queda no índice de natalidade em meio ao caos e a pobreza que se seguiram ao fim da União Soviética: uma geração depois, há muito menos mulheres em idade fértil.

Putin fala faz tempo a respeito da necessidade de solucionar esse problema. Mas depois que ele invadiu a Ucrânia, especialmente no ano passado, o tema parece ter virado uma ideia fixa em sua mente.

Em uma reunião televisionada, Putin expressou desaprovação para o governador de Volgogrado, no sudoeste russo, porque o índice de fecundidade por lá “diminuiu duas vezes mais do que a média nacional”. “Duas vezes é um pouco demais”, disse Putin.

“Estamos trabalhando sobre a questão, Vladimir Vladimirovich”, respondeu o governador, Andrei Bocharov, referindo-se ao presidente por seu patronímico.

Em maio, Putin declarou um objetivo principal do governo aumentar o índice de fecundidade total da Rússia – a métrica para o número de filhos que as mulheres deverão ter em média durante suas vidas – estabelecendo metas de 1,6 em 2030 e 1,8 em 2036. O índice foi de 1,41 na Rússia no ano passado; nos Estados Unidos foi de 1,62.

O número de nascimentos registrado na Rússia no primeiro semestre deste ano, 599.630, foi o mais baixo em 25 anos; no total, incluindo a Crimeia ocupada, a população russa declinou em 1,8 milhão desde 2020, para 146,1 milhões de habitantes.

Da mesma forma que no estímulo ao recrutamento militar, o Kremlin está usando recompensas financeiras para incentivar a procriação. As mulheres russas que têm o primeiro filho recebem US$ 6,7 mil em parcela única. Na segunda-feira, o governo russo anunciou seu orçamento para os próximos três anos destinando mais de US$ 60 bilhões em gastos previstos para dar apoio a mulheres grávidas e famílias com filhos. As informações são do jornal The New York Times.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

Estados Unidos: o sistema eleitoral que permite ganhar com milhões de votos a menos que o rival
Israel não garante que não atacará instalações nucleares do Irã, diz autoridade dos Estados Unidos
https://www.osul.com.br/para-salvar-seu-exercito-putin-faz-um-apelo-para-que-as-russas-tenham-filhos/ Para salvar seu Exército, Putin faz um apelo para que as russas tenham filhos 2024-10-05
Deixe seu comentário
Pode te interessar