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Economia Quinze grupos estrangeiros de olho em iniciar operações de empresas de apostas no Brasil; tendência já foi observada em países como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália

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Os valores devem ser ressarcidos aos usuários. (Foto: Reprodução)

Com a regulamentação do mercado de bets no Brasil, com licenças que começam a valer a partir de 1º de janeiro de 2025, um movimento de consolidação do setor já começa a ser observado. No mês passado, a maior plataforma de apostas do mundo, a Flutter, com sede no Reino Unido e detentora da marca Betfair, anunciou a criação da Flutter Brasil, numa fusão com o grupo brasileiro NSX, dono das marcas Betnacional, Mr. Jack.bet e PagBet, e um dos principais sites de apostas no País.

A Flutter desembolsou R$ 2 bilhões para ficar com 56% da NSX, um lance considerado bastante ousado na comparação com transações similares realizadas em outros países. Esta foi a primeira grande operação de fusão e aquisição no setor no Brasil após a regulamentação desse mercado.

A recente divulgação da lista nacional de sites de apostas que poderão continuar a operar no Brasil deve impulsionar ainda mais o segmento de fusões e aquisições, avaliam os advogados Paulo Coelho da Rocha, sócio da área de fusões e aquisições, e Monique Guzzo, da área de direito público e regulatório do Demarest Advogados. Portanto, outros negócios já estão sendo costurados e devem movimentar bilhões.

“Muitos investidores estão interessados em empresas que já apresentaram os seus pedidos à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, e as próprias operadoras buscam investimentos para comprovar caixa para pagar a outorga exigida de R$ 30 milhões e a reserva financeira de R$ 5 milhões”, explicam os advogados.

Eles lembram que as exigências financeiras são um desafio, especialmente para empresas em estágio inicial ou aquelas que não possuem esse capital.

Novos players

Os advogados do Demarest observam que a captação de investimentos pode ser chave para garantir a continuidade de suas operações e a expansão de suas atividades no mercado nacional, lembrando que ao menos 20% do capital das empresas de bet deve ficar nas mãos de brasileiros.

O Demarest está assessorando pelo menos 15 players que querem entrar no Brasil, sendo que duas dessas operações estão mais adiantadas.

“Essa movimentação bilionária da Flutter não apenas fortalece a presença da empresa no país, mas também sinaliza o potencial de crescimento e a atratividade do mercado brasileiro em um cenário de regulamentação iminente”, diz Ricardo Bianco Rosada, da brmkt.co, consultoria de estratégia e desenvolvimento de negócios.

Rosada observa que as empresas internacionais veem o Brasil como um mercado emergente com enorme potencial, com 200 milhões de habitantes e com a paixão dos apostadores em futebol.

No mercado, já se sabe que um grande operador ucraniano está procurando parceiros para sua entrada no Brasil. Outro operador, com sede em Gibraltar, fez uma oferta de US$ 10 milhões, por um pequena bet brasileira. Esses negócios ainda não foram fechados, mas mostram que os negócios começam a surgir.

Fusões

Quando há uma fusão entre bets, o comprador fica com todos os ativos e passivos da plataforma: clientes, saldo dos jogadores, licença. Esse movimento de consolidação do mercado já foi visto em países como Reino unido, Estados Unidos e Austrália onde o jogo online já foi regulado.

“A aquisição de uma empresa proporciona a carteira de clientes, fortalecimento da marca, consolidação do mercado e dinheiro em caixa para pagar os altos custos de entrada no mercado. Do ponto de vista jurídico, é um movimento perfeitamente legal, desde que todas as regulamentações e leis aplicáveis sejam seguidas”, afirmam os advogados do Demarest.

O advogado André Santa Ritta, associado do Pinheiro Neto Advogados, que atua na área de fusões e aquisições, observa, que ao ter um novo sócio, a empresa de apostas passará por uma nova avaliação do Ministério da Fazenda, que vai verificar a idoneidade do sócio e outros requisitos.

Cybersegurança

Além da questão regulatória, as grandes operadoras buscam identificar no mercado brasileiro empresas com reputação sólida, base de clientes estabelecida e capacidade de adaptação às novas regulamentações. Manter uma bet exige grande investimento em tecnologia, cibersegurança e marketing. Por isso, segundo os especialistas, as menores tendem a ser compradas.

Outras transações no mercado brasileiro neste período pré-regulatório já vêm acontecendo e envolvem grupos estrangeiros e empresas brasileiras para atuar no segmento. A britânica Playtech comprou recentemente, por US$ 5 milhões, 40% da brasileira Ocean 88 Holdings, dona da marca Galerabet. A Playtech é provedora de serviços e também operadora.

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