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Política Guerra religiosa na direita: o que está por trás do ataque do pastor Malafaia a Bolsonaro

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Malafaia, um dos maiores apoiadores de Bolsonaro, fez críticas ao ex-presidente, dizendo que ele foi "covarde" e "omisso".

Foto: Isac Nóbrega/PR
Malafaia, um dos maiores apoiadores de Bolsonaro, fez críticas ao ex-presidente, dizendo que ele foi "covarde" e "omisso". (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Candidato que carregou expressivos votos da direita, Pablo Marçal (PRTB) ficou fora do segundo turno das eleições municipais em São Paulo. Ele terminou a primeira etapa do pleito em terceiro lugar. As consequências nesses campo político, que envolvem, também, um fator religioso, devem perdurar. Nesta semana, o pastor Silas Malafaia, um dos maiores apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), fez críticas ao ex-presidente, dizendo que ele foi “covarde” e “omisso”.

Para Christina Vital da Cunha, pesquisadora e professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e colaboradora do Instituto de Estudos da Religião, ao tecer tais ataques, Malafaia demonstra seus “interesses próprios em se manter no poder e revigorar seu capital político”.

“Um interesse principal e revelado que Silas Malafaia deixa claro nessa discussão que ele está promovendo em torno de uma possível cisão da extrema direita é o interesse em manter uma unidade de uma liderança em torno de Bolsonaro e a manutenção dessa liderança como a liderança principal da extrema direita.”

“Tem a ver com interesses próprios de Silas Malafaia em se manter também no poder, de revigorar o seu próprio capital político. Que, por um lado, vê esmaecer, na figura de Bolsonaro, episódios públicos atrás de episódio, vem se esvaziando muito dessa figura pública aí de Bolsonaro.”

Para Christina pesa, também, a crescente de outras figuras no cenário, como o próprio Marçal.

“E uma outra coisa que não tem como deter, que é o episódio de deter essa dinâmica interna da própria extrema direita. Estão surgindo outros líderes, o próprio Nikolas Ferreira, que ele chama de ‘microminion’, é uma figura que vem se consolidando na política de um modo bem estratégico. […] Tem outras figuras no cenário, como o Marçal, e que não ficam sob a tutela do Silas Malafaia.”

Bolsonaro responde

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou não ter mágoas do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que o chamou de “covarde”, “omisso” e “porcaria de líder” ao tratar da eleição da cidade de São Paulo. Ao jornal O Globo, Bolsonaro se esquivou dos ataques do líder evangélico e disse que é importante a união em todas as frentes da direita para eleger Ricardo Nunes (MDB) contra Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela prefeitura da capital paulista.

“Eu amo o Malafaia. Ninguém critica mulher feia. Ele ligou a metralhadora, mas isso passa”, disse Bolsonaro.

Em entrevista ao jornal “Folha S. Paulo”, Malafaia afirmou que esperava de Bolsonaro uma postura firme contra Pablo Marçal (PRTB), além de uma presença maior na campanha de Nunes. “Que porcaria de líder é esse?”, questionou o líder evangélico, referindo-se ao ex-presidente.

Malafaia também contou que mandou “mais de 30” mensagens de WhatsApp para Bolsonaro. “Mais de 30! E não era “zap” de brincadeira, não”, disse o pastor, dizendo que o ex-presidente nunca o respondeu. “Ele tem o direito de errar. Mas foi uma decepção, de qualquer forma”, complementou.

Na avaliação de pessoas próximas a Bolsonaro, apesar do entrevero com o ex-presidente, Malafaia teve um papel “fundamental” para que Nunes avançasse para o segundo turno em primeiro lugar, mobilizando as lideranças evangélicas para conter o crescimento de Marçal. O advogado Fábio Wajngarten, um dos nomes mais próximos ao ex-presidente, reforça o discurso de que é necessário olhar para frente e não “alimentar brigas” na direita.

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