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Mundo Nascimentos em baixa: América Latina registra a maior queda mundial na fertilidade

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No Chile, a esterilização feminina aumentou 54% na última década, aponta o Ministério da Saúde. (Foto: Freepik)

Para a colombiana Diana Prado, a maternidade está longe de ser um sonho. Aos 37 anos, a desenhista industrial acredita que “o mundo está muito difícil para trazer mais gente” e prefere cultivar outros planos, como fazer uma especialização, ajudar os pais e viajar. Embora por muito tempo o papel de mãe tenha sido a principal função esperada de uma mulher na sociedade, elas têm optado cada vez menos por seguir esse caminho na América Latina.

De acordo com as Nações Unidas, a região e o Caribe registraram em 2024 a maior queda nos índices de fertilidade do mundo, com um declínio de 68% nos nascimentos hoje em comparação com os anos 1950, quando os índices eram similares ao da África. Até o final do século, a ONU projeta que as taxas da região serão equivalentes às da Europa.

“A maternidade é uma responsabilidade enorme, é algo muito bonito, mas nem todas as mulheres nasceram para ser mãe”, conta Prado, afirmando que prefere direcionar suas atenções a projetos pessoais e à sobrinha de 5 anos. “Trazer um filho ao mundo é muito caro, e é muito difícil encontrar emprego depois de dar à luz. Os salários na Colômbia já são desiguais, as mulheres ganham muito menos do que os homens. Se ela for mãe, é ainda pior.”

Nesta semana, a Colômbia registrou o menor número de nascimento da última década, enquanto o Chile se tornou o país com a menor taxa de fecundidade das Américas — abaixo até mesmo da Itália e do Japão, que convivem há tempos com este desafio.

“Antinatalismo”

Segundo analistas ouvidos, diversos fatores explicam o fenômeno. Se por um lado hoje há mais possibilidades para além da maternidade, por outro, essa queda não se traduz, necessariamente, em avanços para as mulheres latino-americanas. Para muitas, resistir ao papel de mãe pode ser até mesmo uma forma de protesto. No Chile, a esterilização feminina aumentou 54% na última década, aponta o Ministério da Saúde.

“Senti que havia muita maldade no mundo, muita injustiça e aderi ao ‘Antinatalismo’, filosofia que defende que não é ético ter filhos biológicos no mundo como está”, explicou a bancária chilena Isidora Rugeronni, de 25 anos, que decidiu se esterilizar aos 21.

Hoje, a média de filhos por mulher na América Latina e no Caribe é de 1,8 — abaixo dos 2,1 necessários para que a população mantenha seu tamanho. Um dos aspectos que ajudaram a puxar a média para baixo foi a queda no índice de gravidez na adolescência, historicamente alto na região. Embora o continente ainda tenha a segunda maior taxa de maternidade precoce do mundo, atrás apenas da África Subsaariana, a ONU aponta um declínio acentuado nas últimas duas décadas. Em 2010, para cada mil meninas de 15 a 19 anos, havia 73,1 filhos. Neste ano, o número caiu para 50,5 filhos.

“Para as mulheres adolescentes e jovens, ainda há desafios significativos no acesso à educação e ao emprego que refletem na taxa de gravidez na adolescência”, aponta Diana Rodriguez Franco, conselheira de Gênero & Diversidade da Presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Países como Guatemala, Honduras e Bolívia ainda têm taxas mais altas do que outros e, em particular, as mulheres indígenas nas áreas rurais têm taxas mais altas do que a média.”

Transição tardia

De acordo com o demógrafo José Eustáquio Diniz, a América Latina vive tardiamente uma transição demográfica que começou primeiro nos países altamente industrializados. Segundo Diniz, esse processo é fruto, sobretudo, das mudanças no mercado de trabalho e dos avanços na medicina, que permitiram mais oportunidades de educação e de emprego às mulheres, além do amplo acesso a métodos contraceptivos. O fenômeno, porém, tem como principal consequência o envelhecimento populacional no longo prazo, desafiando o futuro dos sistemas de bem-estar social da região.

 

 

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