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Brasil Jogos de azar: pessoas acabam se viciando e saúde mental é abalada

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Entre apostadores frequentes, 31% foram vítimas. (Foto: Reprodução)

As plataformas online de jogos de azar – como o “jogo do tigrinho” e as “bets” – ganharam espaço nos últimos anos, movimentando altos montantes e ganhando um número cada vez maior de adeptos. Mas esse hábito de apostar de forma virtual pode acabar em transtorno mental. De um simples gosto por jogar para o vício pode ser um pulo.  Além de se endividar, a pessoa pode ter sua saúde mental completamente abalada mesmo quando pensa que está no controle de tudo. Esse é o caso de muitas pessoas aficcionadas pelas Bets (jogo de apostas que virou uma febre no Brasil) e nem pensam sobre o vício.

Confira abaixo entrevista com o neuropsicólogo Rodrigo Maciel e o psiquiatra Leonardo Lessa, diretor médico do Hospital Casa Menssana, no Rio, sobre as Bets.

1. O vício em apostas em Bets e no Tigrinho está aumentando cada vez mais. O que ocasionou essa febre?

Rodrigo Maciel: O aumento do vício em apostas, especialmente nas plataformas online como Bets e no jogo do Tigrinho, está associado a vários fatores, não podemos categorizar apenas de forma isolada. Porém, a facilidade de acesso por meio dos dispositivos eletrônicos móveis tem contribuído para a frequência e o aumento dos casos, uma vez que a aposta pode ser realizada a qualquer hora e lugar. Além da possibilidade de ganhos rápidos e a adrenalina reforçam esses comportamentos disfuncionais.

Leonardo Lessa: No Brasil, houve recente popularização de jogos oferecidos em plataformas eletrônicas, representados pelo Jogo do Tigrinho e seus análogos, que funcionam como uma espécie de cassino online que promete altos ganhos.

2. Por que algumas pessoas se viciam em jogos e outras não, mesmo quando gostam de jogar?

Rodrigo Maciel: É importante entender que o vício/dependência em jogos é uma psicopatologia, está classificado dentro do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) como transtorno do jogo, que é influenciado por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, e uma vez que geram prejuízos, é necessário o acompanhamento profissional. Algumas pessoas têm uma predisposição genética para comportamentos compulsivos, enquanto outras podem estar passando por situações emocionais difíceis, como estresse ou depressão, e veem no jogo uma forma de escape. É preciso avaliar a particularidade de cada um e compreender quais são os fatores motivadores e mantenedores desse comportamento.

Leonardo Lessa: O jogo patológico é classificado pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) como um transtorno de hábitos e impulsos e o diagnóstico é realizado através de entrevistas com o paciente e familiares, podendo acometer indivíduos desde a época da infância e da adolescência.

3. Por lei, algumas Bets são aprovadas e outras não. Também foi proibido o Bingo no Brasil. O senhor acredita que o governo ficou preocupado de alguma forma com a saúde mental do cidadão? Ou trata-se apenas de algo comercial?

Rodrigo Maciel: A proibição do Bingo e a regulação de algumas plataformas de apostas são alternativas que podem auxiliar a reduzir o acesso e proteger a saúde mental dos cidadãos, mas ainda assim não o suficiente. O transtorno do jogo pode gerar problemas sérios que afetam tanto os indivíduos quanto suas famílias, então é um problema danoso que gera repercussão negativa não somente em termos de saúde mental, mas também econômico e social.

4. Quais atitudes os pais devem tomar para evitar que seus filhos se viciem em jogos?

Leonardo Lessa: Crianças e adolescentes não devem ter acesso a jogos de azar, assim como acontece com outras atividades que possam cursar com dependência, assim como o uso de tabaco e bebidas alcoólicas.

Rodrigo Maciel: A prevenção começa com a educação, e a educação dentro do lar, não terceirizar a orientação a escola ou afins, os pais e/ou responsáveis precisam conversar abertamente com seus filhos sobre os riscos do jogo, os prejuízos gerados, assim como também é de suma importância estabelecer limites claros para o uso de tecnologia e supervisionar o acesso a sites e aplicativos de apostas. É necessário um monitoramento para evitar o contato com essas atividades, e procurar ser exemplo para os filhos, evitando fazer uso desse tipo de comportamento.

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https://www.osul.com.br/jogos-de-azar-pessoas-acabam-se-viciando-e-saude-mental-fica-abalada/ Jogos de azar: pessoas acabam se viciando e saúde mental é abalada 2024-10-13
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