Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de outubro de 2024
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou que não foi um dos cinco senadores que votaram para rejeitar a indicação do economista Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central. “Votei sim. Até porque ele será o presidente do Banco Central do próximo governo Bolsonaro”, afirmou o senador.
Galípolo é o nome indicado pelo presidente Lula para presidir a autarquia. A aprovação do indicado do Planalto mostrou que a articulação governista, puxada pelo líder Jaques Wagner (PT-BA), foi exitosa.
À frente da diretoria de Política Monetária do Banco Central, Galípolo vai comandar a entidade por quatro anos a partir de 2025. Ou seja, dois anos de seu mandato vão coincidir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), responsável por sua indicação; os outros dois, com o do presidente eleito nas próximas eleições.
Unanimidade
Ex-secretário executivo de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, Galípolo foi aprovado por unanimidade na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e por 66 votos a 5 no plenário da Casa. Como o voto é secreto, não é possível saber quem votou contra o indicado de Lula. O senador Marcelo Castro (MDB-PI) admitiu ser um deles, mas o governo federal já avisou nos bastidores que não vai atrás dos votos contrários após a aprovação.
Natural de São Paulo (SP), Galípolo tem 42 anos e foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no início da gestão de Fernando Haddad. Galípolo tem graduação e mestrado em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), já atuou como professor universitário (2006 a 2012) e foi presidente do Banco Fator (2017 a 2021).
O economista iniciou sua carreira pública em 2007, quando José Serra (PSDB) tomou posse como governador de São Paulo. Naquele ano, Galípolo chefiou a Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos. No ano seguinte, foi diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado de São Paulo.
Desafios
Em sua sabatina na CAE, Galípolo lembrou que o Brasil enfrentou hiperinflação na década de 1980, mas atualmente é reconhecido por sua estabilidade monetária e financeira e tem inflação em patamar similar aos das economias mais desenvolvidas e estáveis do planeta.
“Muitas vezes, como sociedade, a gente se frustra pelos avanços em ritmo mais lento e em trajetória menos linear do que a gente deseja. Mas eu penso que os avanços e os bloqueios correspondem aos pesos e contrapesos do processo democrático e ao tempo necessário para o debate público e construção de consensos. E eu prefiro sempre as dores do processo democrático às falsas promessas de atalho. Existem numerosos desafios pela frente, como a consolidação de uma agenda capaz de criar uma economia mais equânime e transparente, capaz de combinar maior produtividade e sustentabilidade, o que envolve o compromisso permanente do Banco Central no combate à inflação”, afirmou Galípolo durante a sabatina na CAE.
Autonomia
Gabriel Galípolo não se comprometeu com a autonomia financeira e administrativa do órgão, durante sabatina no Senado. Ao responder sobre o tema, ele afirmou que a autonomia do BC precisa ser “reexplicada” para cessar a polarização em torno do assunto.
“Aprendi que a palavra autonomia gera um debate acalorado. A gente precisa ‘reexplicar’ a autonomia. Se a gente pegar a literatura essencial sobre a autonomia do Banco Central, vemos que o Banco Central tem autonomia operacional para buscar as metas que foram estabelecidas pelo governo democraticamente eleito”, disse.