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Ali Klemt Dois pesos, duas medidas

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Deputado Van Hatten. (Foto: Câmara de Deputados)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Dois fatos diferentes chamaram a atenção do Brasil essa semana, e mexeram com os ânimos da população. Até a mim! – e, veja, estou na Turquia!

No início da semana, fomos atropelados pela violação da inviolabilidade de um deputado federal, agora investigado por falas na tribuna. Explico.

O deputado federal Marcel Van Hattem recebeu uma intimação para prestar depoimento, na condição de investigado, por – pasme! – fala na tribuna da Câmara Federal.

O fato deveria acabar por aí mesmo. Afinal, segundo o artigo 53 da Constituição Federal, “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. Não é por acaso. A nossa lei maior, sancionada em 1988 – após um longo período de ditadura – tem, exatamente, o intuito de preservar A PALAVRA. O direito de se expressar livremente. E nada pode ser mais acintoso que cercear os representantes do povo.

Veja, NÃO IMPORTA QUAL SEJA O PARTIDO. Importa que um deputado está sendo indiciado por dar a sua opinião. Em seu relatório, o Ministro do Supremo, Flávio Dino, menciona que o deputado Marcel van Hattem poderia estar cometendo crime contra a honra ao chamar o policial federal Fábio Alvarez Shor, responsável por investigações da PF em casos que também estão sob a relatoria de Moraes, de covarde e de bandido.

Ah para! O pior crime no Brasil virou dar opinião? É isso, gente? Vocês não têm mais com o que se preocupar, além de rasgar a nossa Constituição Federal que, claramente, permite (por uma razão óbvia) a manifestação livre de nossos representantes?

Enquanto isso, em São Luís do Maranhão, uma travesti mostra o c@ (desculpe o palavreado, mas não encontro forma melhor de chocar do ser crua) no I Encontro de Gênero do Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep). Até aí, até vá! Cada um mostra a buzanfa onde quiser – e aplaude quem quer. Não fosse o fato de que isso aconteceu na Universidade Federal. Aí, a meu ver, a coisa fica toda errada.

Com os nossos impostos, a universidade promove, ao invés de pesquisa científica e estudos acadêmicos – não era sobre isso? – a tal da “educação com o c@“. Daí, eh pergunto: você, pagador de impostos, que tem o sonho de ver o seu filho diplomado… é isso que você espera de uma universidade pública?

O Brasil virou esse país onde “educar com o c@“ (e mostrar a vinda) é sinônimo de liberdade, enquanto nossos representantes em Brasília, legitimamente eleitos e garantidos pela Constituição Federal, são amordaçados pela patrulha do falso moralismo.

É sério. É seríssimo. E eu espero que você se indigne e não se aliene. A hora de gritar é agora – antes que seja tarde (se é que já não é).

Instagram: @ali.klemt

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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