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Mundo Coreia do Norte de Kim Jong-un manda tropas para ajudar a Rússia, diz a Ucrânia

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O Serviço Nacional de Inteligência sul-coreano afirma que Pyongyang enviou um contingente inicial de 1,5 mil soldados. (Foto: Divulgação/KCNA)

A Coreia do Norte começou a mobilizar um contingente significativo de soldados para ajudar a Rússia na guerra contra a Ucrânia, informou nesta sexta-feira o serviço de Inteligência da Coreia do Sul. A iniciativa foi denunciada por Kiev como uma prova de que Moscou quer intensificar sua invasão, exigindo uma reação forte por parte de seus aliados.

O Serviço Nacional de Inteligência sul-coreano afirma que Pyongyang enviou um contingente inicial de 1,5 mil soldados das Forças de Operações Especiais da Coreia do Norte, também conhecidas como “Corpos de Assalto”, para treinamento em bases militares no Extremo Oriente da Rússia. De acordo com a agência de inteligência, os soldados receberam uniformes militares russos e armas de fabricação russa e “devem ser enviadas para as linhas de frente assim que concluírem o treinamento de aclimatação”.

O relatório de inteligência sul-coreano parte de movimentações identificadas entre os dias 8 e 13 de outubro. A agência divulgou imagens de satélite do que afirma ser o primeiro destacamento de tropas norte-coreanos embarcando em navios militares russos para Vladivostok. Ao todo, Seul estima que Moscou e Pyongyang planejam o envio de 12 mil soldados — com um segundo “envio” previsto para ocorrer “em breve”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as informações de Inteligência que dispõe apontam que a Coreia do Norte está preparando quase 10 mil soldados para se unir ao esforço de guerra russo na Ucrânia. Em uma declaração na sexta-feira (18), o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriy Sybiga, exigiu uma “reação imediata e forte” dos aliados de Kiev, dizendo que a Coreia do Norte estava auxiliando a invasão da Rússia com tropas e armas.

“A Rússia intensifica seriamente sua agressão ao envolver a Coreia do Norte em uma escalada da guerra”, escreveu o ministro. “Exigimos uma reação imediata e forte da comunidade Euro-Atlântica e do mundo”.

Uma fonte ligada à Presidência ucraniana afirmou que tanto a ação é prova do interesse russo em prolongar a guerra, quanto pode ter efeitos ainda mais inesperados.

“Isso mostra mais uma vez que Moscou quer uma guerra maior e mais longa e que está tentando arrastar os seus aliados para o conflito”, afirmou uma fonte presidencial ucraniana sob condição de anonimato.

Ainda de acordo com a Inteligência sul-coreana, a Coreia do Norte já forneceu à Rússia mais de 13 mil contêineres de projéteis de artilharia, mísseis, foguetes antitanque e outras armas letais desde agosto passado.

Aliados

O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que a aliança ainda não pôde confirmar a inteligência sul-coreana.

“Neste momento, nossa posição oficial é que não podemos confirmar relatos de que os norte-coreanos estão ativamente agora como soldados envolvidos no esforço de guerra”, disse Rutte a repórteres após uma reunião de ministros da Defesa da aliança. “Mas isso, é claro, pode mudar.”

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse a repórteres que a ação “mostra um nível de desespero em relação à Rússia”, enquanto porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Christophe Lemoine, disse que qualquer aumento na cooperação norte-coreana-russa em relação à Ucrânia era “muito preocupante”.

A China, principal aliada da Coreia do Norte, fez um apelo a “todas as partes para que trabalhem em uma desescalada” e busquem uma “solução política” para o conflito na Ucrânia.

Nos últimos meses, as forças de Moscou tomaram o controle de localidades na Ucrânia, principalmente na frente leste. Ao mesmo tempo, Kiev continua ocupando território na região fronteiriça russa de Kursk, onde iniciou uma ofensiva surpresa em 6 de agosto, com a qual pretendia enfraquecer a máquina de guerra russa.

Preocupação

O anúncio sobre o envio de tropas norte-coreanas provocou uma inquietação particular em Seul, no momento em que o regime de Kim Jong-un, que possui armas nucleares, acaba de modificar sua Constituição para classificar o Sul como um Estado “hostil”. Nos últimos dias, Pyongyang explodiu trechos de rodovias que levam ao território da Coreia do Sul.

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, convocou uma reunião de segurança em caráter de emergência na sexta-feira. O governo sul-coreano afirmou que os vínculos militares entre Rússia e Coreia do Norte agora “vão além do envio de equipamento militar”, alcançando o estágio de “envio efetivo de soldados”.

Uma novidade que representa “uma séria ameaça de segurança não apenas ao nosso país, mas também para a comunidade internacional”, afirmou o Gabinete presidencial em um comunicado.

Pyongyang e Moscou são aliados desde a criação do regime comunista no país asiático após a Segunda Guerra Mundial. As partes se aproximaram ainda mais depois que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022 — Seul e Washington afirmam que o Norte envia armamento para que a Rússia utilize na Ucrânia.

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