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Saúde A proibição do implante hormonal, conhecido como “chip da beleza”, pela Anvisa, não coloca em risco os tratamentos de reposição prescritos pelos médicos

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A proibição criou polêmica entre médicos que defendem que a suspensão generalizada pode prejudicar pacientes que realmente se beneficiam.

Foto: Reprodução
A proibição criou polêmica entre médicos que defendem que a suspensão generalizada pode prejudicar pacientes que realmente se beneficiam. (Foto: Reprodução)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução que proíbe a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais manipulados, popularmente conhecidos como “chips da beleza”. A medida é baseada em denúncias de sociedades médicas, como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), que apontam para um crescimento de complicações entre pacientes que utilizam tais implantes, muitas vezes de maneira indiscriminada, para finalidades estéticas e com uma grande mistura de hormônios.

A proibição, no entanto, criou polêmica entre médicos, que defendem que a suspensão generalizada, em vez de uma regularização adequada do uso desses dispositivos, pode prejudicar pacientes que realmente se beneficiam desse tipo de tratamento, quando devidamente indicado.

“A principal alegação dessas sociedades médicas contra os implantes é inquestionável e legítima. Hoje existe, realmente, um uso excessivo e abusivo desses hormônios no Brasil. Farmácias magistrais estão produzindo implantes sem nenhuma regulação e com alto viés comercial, utilizando substância sem evidências para finalidades estéticas. Porém, suspender a produção e comercialização desses implantes hormonais manipulados não é o caminho adequado para resolver a situação, o que pode causar prejuízos para pacientes com problemas que têm indicação para o uso desses implantes. Em uma analogia, essa medida da Anvisa é como proibir os carros para acabar com os acidentes de trânsito”, alerta o ginecologista, especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS), Igor Padovesi.

Segundo o médico, os implantes hormonais são utilizados de maneira subcutânea e liberam continuamente hormônios, com duração que pode variar de seis meses a um ano. “Há muitos anos, esses implantes são utilizados com aprovação da Anvisa para medicamentos magistrais (hoje regulada pela RDC n. 67/2007), que não é a mesma aprovação da indústria farmacêutica tradicional. A utilização clássica é para administração de hormônios como testosterona, estradiol e gestrinona para o tratamento de mulheres na menopausa, homens com deficiência de testosterona e certas doenças ginecológicas”, explica o especialista.

Porém, recentemente, houve uma expansão do uso desses implantes, inclusive para outras finalidades que não o tratamento de doenças, como emagrecimento e ganho de massa muscular. “Farmácias de manipulação começaram a produzir todo tipo de medicamento na forma de implantes, sem um embasamento científico. E, assim como em qualquer área, existem profissionais que não são éticos. Então, por ser um procedimento potencialmente lucrativo, muitos profissionais começaram a prescrever tais implantes mesmo quando não há indicação”, pontua o médico.

Com o aumento do uso de implantes, principalmente de maneira indiscriminada, os problemas consequentemente também aumentaram. E é inegável que essa situação precisa ser manejada.

O médico reforça que essa proibição generalizada dos implantes hormonais prejudica aqueles pacientes que têm indicação para o uso de testosterona e estradiol, por exemplo. “Essas são opções de tratamento para mulheres na menopausa e homens com deficiência de testosterona comprovada. O implante é apenas uma via de administração desses hormônios cujo uso só tem aumentado no mundo todo e existem evidências que comprovam sua eficácia” , pontua o especialista. (EM)

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