Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de outubro de 2024
A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, revelou que Hussein Ahmad Karaki é o líder do Hezbollah na América Latina. Ele é apontado como responsável pelos ataques à embaixada de Israel em Buenos Aires, ocorridos em 1992, e ao prédio da associação judaica Amia, em 1994. Karaki, que reside no Líbano, estaria utilizando identidades falsas e seria o mentor de planos de atentados no Brasil e no Paraguai, agindo sob as ordens de Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah. Bullrich anunciou sua intenção de solicitar à Interpol que inclua Karaki em sua lista de procurados.
A medida ocorre em um contexto de crescente preocupação com a segurança na região, especialmente após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Em resposta a essa situação, a Polícia Federal do Brasil prendeu três indivíduos em uma operação que investigava o recrutamento de brasileiros para ações terroristas, com foco em alvos israelenses na América Latina.
Os ataques à embaixada de Israel e à Amia resultaram em um total de 114 mortes, sendo 85 e 29, respectivamente. Em abril deste ano, a Justiça argentina responsabilizou o Irã pelos atentados, considerando-o o financiador do Hezbollah. Essa decisão judicial foi interpretada pelo presidente argentino, Javier Milei, como uma revelação das tentativas anteriores de ocultar a responsabilidade do Irã nos ataques.
A identificação de Karaki e as ações da ministra Bullrich refletem um esforço mais amplo para combater o terrorismo na América Latina. A crescente tensão na região, exacerbada pelos conflitos no Oriente Médio, tem gerado um clima de alerta entre as autoridades de segurança. A colaboração internacional, especialmente com a Interpol, é vista como essencial para enfrentar essa ameaça.
Saiba mais
Karaki foi descrito como uma figura central nas operações do Hezbollah na América Latina. Atuando por ordens diretas de Hassan Nasrallah, líder do grupo, Karaki teria sido um elo importante entre a organização e os atentados realizados na década de 1990. A revelação de seu paradeiro e identidade é vista como um avanço significativo na luta contra o terrorismo na região.
As conexões de Karaki com Brasil e Paraguai, onde se acredita que ele usava documentos falsos, levantam preocupações sobre a extensão das operações do Hezbollah. A ministra Patricia Bullrich destacou que o material falso teria sido fornecido por apoiadores do regime de Nicolás Maduro, demonstrando uma rede de apoio mais ampla.
Efeitos
Os atentados de Buenos Aires resultaram em grande pressão internacional e demandaram uma resposta robusta dos sistemas jurídicos locais. Em 2023, a Justiça argentina responsabilizou o Irã como mandante dos ataques, reconhecendo a longa tradição de apoio iraniano ao Hezbollah. Esta decisão abre caminho para potenciais reparações e possivelmente novas ações em tribunais internacionais contra o Irã.
No cenário político interno, o presidente argentino Javier Milei tem utilizado a questão para apontar falhas em administrações anteriores, destacando uma proximidade do governo atual com a comunidade judaica do país. O discurso reflete as complexidades geopolíticas da região e a influência externa que afeta diretamente as políticas locais.
Operação Trapiche
A operação Trapiche, lançada pela Polícia Federal do Brasil, representa um esforço coordenado para combater o recrutamento e a radicalização promovidos pelo Hezbollah. Esta operação resultou na prisão de indivíduos que planejavam ataques contra alvos israelenses na América Latina, ressaltando a continuidade dos esforços do grupo.
Além disso, a Argentina pediu à Interpol que inclua Karaki em sua lista de procurados, intensificando a busca e a colaboração internacional para conter a influência do grupo. Outras nações da região também estão reforçando suas alianças de inteligência para responder rapidamente a potencialidades de ataques.