Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2024
Bolsonaro também enfrentou forte rejeição entre as mulheres nas eleições de 2022.
Foto: Rovena Rosa/Agência BrasilO eleitorado feminino, segmento que é maioria entre os que estão aptos a votar no País, atuou como uma “barreira de contenção” a candidatos mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro em disputas de segundo turno das eleições municipais nas quais o campo bolsonarista acabou derrotado por nomes mais moderados de centro ou de direita. É o que sugerem as pesquisas de véspera feitas pela Quaest em Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO) e Curitiba (PR).
Os levantamentos mostram que, enquanto os homens se dividiam entre os candidatos a prefeito, o eleitorado feminino dava vantagem, um dia antes do pleito, a rivais dos aliados de Bolsonaro que acabaram eleitos. Na capital mineira, na qual o prefeito Fuad Noman foi reeleito, o nome do PSD tinha vantagem de 12 pontos percentuais (49% a 37%) entre as mulheres frente ao bolsonarista Bruno Engler (PL), enquanto, entre os homens, havia um empate técnico, com Engler numericamente à frente (45% contra 43%).
Em Goiânia, Sandro Mabel (União), candidato do governador Ronaldo Caiado (União) que acabou eleito, aparecia 17 pontos à frente do bolsonarista Fred Rodrigues (PL) entre as mulheres, mas empatava entre os homens (44% a 41%). Eleito em Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), aliado do governador do estado, Ratinho Júnior (PSD), também liderava no segmento feminino (55% a 34%), mas aparecia em empate técnico no masculino (44% a 42%) com a jornalista Cristina Graelm (PMB), que recebeu aval de Bolsonaro.
Além de representar derrotas pessoais para o ex-presidente — Bolsonaro se envolveu diretamente na reta final das eleições de Belo Horizonte e Goiânia e decidiu apoiar Cristina Graelm, apesar de o PL ter indicado o vice da chapa de Eduardo Pimentel —, reforçando a dificuldade do bolsonarismo para conquistar a adesão das eleitoras. Na disputa de 2022, quando acabou derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro também enfrentou forte rejeição entre as mulheres.
Uma estratégia recorrente no campo bolsonarista durante a campanha foi lançar mão da imagem da primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e da própria família do candidato para se aproximar do eleitorado feminino. Em Goiânia, Fred Rodrigues tratou, por exemplo, sobre o diagnóstico de esclerose múltipla da companheira em uma propaganda na TV.
Parte dos candidatos bolsonaristas também buscou modular posições sobre pautas mais identificadas com a direita radical nos últimos anos. Foi o caso de Engler, em Belo Horizonte. Apesar de ser aliado de primeira hora de Bolsonaro, ele adotou um tom mais ameno durante todo o pleito e terceirizou os ataques a Fuad.
Já Cristina Graeml foi na estratégia oposta em Curitiba. Além de apelar à imagem do ex-presidente, que demonstrou simpatia por sua candidatura, Graeml reforçou pautas caras ao eleitorado de Bolsonaro, como a proposta de criar um “instituto pró-vida” para desestimular o aborto mesmo em casos previstos em lei.