Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2024
A XP Investimentos divulgou nesta semana um relatório de expectativas sobre os impactos das eleições americanas no Brasil. Os analistas compararam o atual ciclo eleitoral com os últimos seis e chegaram à conclusão de que uma eventual vitória de Donald Trump pode representar um risco para mercados emergentes, como o Brasil; Kamala Harris representaria a manutenção do cenário atual.
O banco deixa claro que o Brasil não será foco da política externa de nenhum dos candidatos, mas ressalta que alguns setores na economia brasileira podem se beneficiar dos resultados. Com Trump, o agronegócio pode se beneficiar pela escalada da guerra comercial dos Estados Unidos com a China.
O que acontece com o Brasil em eventual vitória de Trump?
O relatório foi elaborado pelos analistas Fernando Ferreira e equipe, que identificaram que não há necessariamente uma relação forte entre as eleições dos EUA e os retornos do Ibovespa. Ainda, afirmam que no período de cada uma das seis eleições, a bolsa brasileira foi mais afetada por outras particularidades, como o superciclo das commodities em 2004 ou a crise financeira de 2008.
Apesar do processo eleitoral por si só não impactar necessariamente na bolsa brasileira, em uma eventual presidência de Trump, alguns setores do mercado brasileiro podem se beneficiar, como o agronegócio. Durante seu último mandato, a demanda chinesa por commodities se deslocou dos EUA para o Brasil, beneficiando a exportação de soja e milho.
Entretanto, a proposta republicana de uma tarifa global de 10% sobre todas as importações poderia impactar as principais exportações do Brasil para os EUA, em particular o petróleo bruto, o aço semiacabado e o café, disse a XP.
A guerra comercial com a China pode retornar com força total, já que o candidato republicano propõe aplicar uma tarifa de 60% sobre todas as importações chinesas. Os analistas alertam para um possível impacto sobre os produtores de aço e mineradores.
“Como os EUA são um importador chave de ferro e aço, e a China provavelmente não ajustará sua oferta em resposta, essa situação poderia levar a um desequilíbrio entre oferta e demanda, impactando os preços do aço”, dizem.
No mercado internacional, os preços podem ter mais volatilidade, com uma possível redução nos valores de comercialização do petróleo. “Trump tem sido vocal sobre a expansão da produção de petróleo doméstica, e durante sua presidência, ela atingiu níveis recordes”.
Uma notícia ruim para os brasileiros pode ser a possível alta no dólar, devido às propostas de tarifas nas importações americanas e grandes cortes de impostos. O dólar forte contribuiria para uma deterioração da taxa de câmbio, gerando pressões inflacionárias domesticamente, elevando as taxas no Brasil.
Ações beneficiadas pela eleição de Donald Trump
A XP Investimentos listou ações específicas que podem ser beneficiadas pela eleição do republicano. A primeira citada é a SLC Agrícola (SLCE3), por conta do provável aumento da demanda chinesa por grãos brasileiros, assim como BrasilAgro (AGRO3) e Rumo (RAIL3).
Outra empresa beneficiada pode ser a Gerdau (GGBR4) por conta dos efeitos da tarifa de 60% sobre as importações chinesas. Como a empresa possui operação em solo americano, não tem exposição às tarifas. Além disso, a empresa se beneficiaria de um preço de aço americano mais alto.
Ainda no ramo de mineração e siderurgia, a Aura Minerals (AURA33) poderia se beneficiar da estabilidade do ouro perante os impactos inflacionários.
O Banco também cita a Braskem (BRKM5) alegando que a empresa se beneficiaria de um dólar mais forte, já que possui receita em dólar e custos parciais em reais.