Quinta-feira, 07 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de novembro de 2024
Ao final da sessão, o dólar recuou 1,26%, cotado a R$ 5,6742.
Foto: Valter Campanato/Agência BrasilO dólar fechou em queda de 1,26% nessa quarta-feira (6), cotado a R$ 5,67. De acordo com analistas, o recuo refletiu um movimento de realização de lucros, após forte alta no início das negociações ter levado a moeda norte-americana a atingir R$ 5,86, conforme investidores repercutiam a vitória de Donald Trump na eleição dos Estados Unidos.
Ao final da sessão, o dólar recuou 1,26%, cotado a R$ 5,6742. Na mínima do dia, chegou a 5,6647. Na máxima, a R$ 5,8619.
Naquele momento, o resultado do pleito provocou um aumento expressivo nos juros futuros norte-americanos e, como consequência, o dólar também disparou frente a outras moedas.
A política econômica protecionista defendida pelo presidente eleito pode prejudicar o controle da inflação dos Estados Unidos e aumentar o endividamento do país.
Taxas de juros mais altas por mais tempo ajudam a valorizar a moeda norte-americana. O dólar turismo, que é a moeda utilizada para quem vai viajar ou fazer compras internacionais em dólar, também recuou para baixo da casa dos R$ 6. A expectativa pelas medidas de cortes de gastos por parte do governo também continuava no foco dos investidores.
Apesar do movimento de realização de lucros visto no Brasil, o dia foi de alta no dólar ante várias moedas ao redor do planeta. Investidores esperam por um fortalecimento da moeda norte-americana nos próximos anos de governos de Donald Trump. Isso porque o republicano defende uma política protecionista com a economia dos EUA, diminuindo o comércio com a China e aumentando as tarifas de importações para outros países, como o Brasil.
“Trump tem batido muito mais forte contra a China e tem atuado para restringir, principalmente, exportações de tecnologia acessível para o país asiático. Ele também tem ameaçado punir países que comecem a operar na moeda chinesa”, explicou Welber Barral, consultor especializado em comércio internacional.
“Então, com Trump, podemos ter uma sanção indireta — ou seja, uma sanção contra a China e que possa afetar as exportações brasileiras.”
Esse cenário poder mexer com a balança comercial brasileira, diminuindo o nível de exportações — o que reduziria a reserva de dólares e poderia pressionar ainda mais a inflação. Mais que isso, o protecionismo econômico de Trump pode encarecer os preços dos produtos dentro dos EUA e gerar mais inflação no país. Como consequência, o mercado espera ver taxas de juros mais altas na maior economia do mundo nos próximos anos. São elas que servem de referência para o rendimento das Treasuries, os títulos públicos norte-americanos.
Como são considerados os produtos de investimento mais seguros do mundo, as Treasuries com rentabilidades mais altas atraem investidores estrangeiros, que encaminham seus recursos para os EUA e dão força para o dólar.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, a desaceleração do dólar em relação ao real ocorre porque a vitória de Trump já era precificada pelo mercado — e o dólar, inclusive, disparou mais de 6% só na última semana, com isso no radar dos investidores.
“O mercado sempre dá uma exagerada no curto prazo e depois vê que não é bem assim. Até porque o dólar já vinha se valorizando bastante, então será que faria sentido ele continuar performando tão forte assim depois das altas que já haviam sido observadas?”, pontua Castro Alves.