Quinta-feira, 07 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de novembro de 2024
Apoiador declarado de Donald Trump, o empresário Elon Musk foi chamado de gênio pelo republicano em seu discurso da vitória autoproclamada – confirmada posteriormente pelas projeções das principais mídias americanas – e dedicou boa parte do tempo para exaltar os feitos do sul-africano.
“Será que a China consegue fazer isso? A Rússia consegue? Não, só ele. Por isso eu te amo, Elon”, disse se referindo ao foguete da SpaceX que retornou para a base.
O polêmico proprietário do X (antigo Twitter) utilizou a rede social nas últimas horas para comemorar o retorno de Trump à Casa Branca. Em uma sequência de postagens próprias e republicações, Musk reafirmou o discurso do republicano de que os Estados Unidos voltarão a crescer e terão um futuro brilhante.
Em uma das publicações, Musk destacou a votação expressiva de Trump nas eleições americanas. “O povo da América deu a @realDonaldTrump um mandato cristalino para a mudança esta noite.”
Após votar na terça-feira (5), Musk publicou que seguiria para Mar-a-Lago, na Flórida, para estar ao lado de Trump e sua equipe. “Acabei de votar no sul do Texas, onde fica a Starbase, e agora estou indo para a Flórida, para Mar-a-Lago, para estar lá com o presidente Trump, J.D. e um monte de outras pessoas legais”, disse.
Donald Trump superou a adversária Kamala Harris em Wisconsin, chegando a 277 delegados e superou o total de 270 votos necessários no Colégio Eleitoral. A vitória de Trump em Wisconsin foi projetada por volta das 7h30 (em Brasília) pela CNN e Associated Press.
Apoiador ferrenho
Dono de uma fortuna estimada em US$ 246,8 bilhões (R$ 1,4 trilhão) pela revista Forbes e CEO de um conglomerado de empresas que vão da rede social X à gigante da inovação Tesla, Musk terá peso em Washington independente de quem seja o próximo ocupante da Casa Branca.
Um levantamento do jornal The New York Times apontou que o bilionário é um dos principais contratados pelo governo americano: ao longo da última década, apenas a SpaceX e a Tesla fecharam contratos num valor somado de US$ 15,4 bilhões (R$ 87,4 bilhões) com Washington, em setores tão variados quanto transportes, defesa, agricultura e comunicações. Só no ano passado, empresas de Musk fecharam quase 100 contratos com 17 agências federais, com promessa de pagamento de US$ 3 bilhões (US$ 17,1 bilhões).
Além dos valores aportados, o nível de complexidade de serviços oferecidos pelas empresas de Musk praticamente inviabilizam uma ruptura por desavenças políticas: a SpaceX efetivamente dita o cronograma de lançamento de foguetes da Nasa, enquanto o Departamento de Defesa depende dela para colocar a maioria de seus satélites em órbita.
Embora não seja o primeiro megaempresário com uma relação umbilical com o poder a escolher um lado em uma eleição presidencial americana, Musk adotou uma posição que ultrapassa a costumeira dinâmica de promover jantares, fazer doações generosas de campanha e discursar em favor do seu candidato. A conta do bilionário no X, com 202 milhões de seguidores, transformou-se basicamente em um bunker pró-Trump, enquanto ele se envolveu diretamente em práticas que estão no limite da lei, como foi o caso da promessa de doações milionárias a eleitores.
Em aparições públicas, Musk tem justificado o efusivo apoio a Trump por questões ideológicas: acusa Kamala e os democratas de quererem acabar com a liberdade de expressão, se diz um anti-woke – expressão americana que tomou o debate público para designar movimentos de esquerda que questionam injustiças raciais e contra minorias e buscam reparações históricas –, além de endossar teorias do ex-presidente sobre ativismo e perseguição do Judiciário e atuação parcial da mídia. Por outro lado, uma questão mais direta parece aproximar Musk e o republicano.
Papel
Quando Musk entrevistou Trump em agosto, durante uma live no X, o bilionário citou a ideia de criar uma “comissão de eficiência”, com o poder de recomendar cortes abrangentes de custo em agências federais e mudar regras federais. Ele retomou o tema três vezes – retornando ao tópico quando Trump divagava para outros assuntos.
“Eu acho que seria ótimo ter apenas uma comissão de eficiência do governo que analisasse essas coisas e apenas garantisse que o dinheiro do contribuinte, o dinheiro arduamente ganho pelos contribuintes, fosse gasto de uma boa maneira”, disse Musk ao retomar o tópico pela terceira vez. “E eu ficaria feliz em ajudar em tal comissão.”
Trump respondeu com um “eu adoraria”, afirmando que Musk seria o homem certo para a missão. Desde então, o empresário nunca explicou exatamente qual seria seu plano para a tal agência, sugerindo apenas que atuaria no corte de funcionários com baixa produtividade – um modelo difícil de ser posto em prática considerando as especificidades e proteções legais aos funcionários federais.