Sexta-feira, 08 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2024
Folha de rascunho da redação do Enem 2024 mostra que jovem escreveu exatamente o mesmo texto que estava na "cola".
Foto: ReproduçãoCandidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 postaram nas redes sociais que “colaram” na avaliação: imprimiram e levaram ao local de prova um modelo pré-pronto de redação, escondido, para copiá-lo na hora decisiva. Eles dão a entender que não foram flagrados por nenhum fiscal no último domingo (4): “Dica de ouro, meninas!”, escreveu uma das jovens, na legenda.
Segundo o edital de 2024, “utilizar ou tentar utilizar meio fraudulento em benefício próprio ou de terceiros em qualquer etapa do Exame” leva à eliminação do estudante. Inclusive, há relatos de que, no dia da aplicação do Enem, cartazes foram espalhados nas escolas com o aviso de que “fraudar a prova é um crime federal”.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que os candidatos que publicaram na internet evidências de que “trapacearam” ainda podem ser desclassificados, mesmo sem terem sido flagrados no momento da prova.
“O edital do Enem prevê que os participantes do exame podem ser eliminados ‘a qualquer momento’ caso utilizem meios fraudulentos em benefício próprio. Portanto, estudantes identificados descumprindo as regras serão desclassificados”, disse o órgão.
O que são esses modelos de redação? São textos distribuídos gratuitamente na internet ou vendidos por até R$ 50. Em tese, eles serviriam para qualquer tema: bastaria que o candidato preenchesse lacunas com o assunto cobrado naquela edição da prova. Os repertórios culturais, a introdução e os argumentos são genéricos, justamente para se encaixarem tanto em uma dissertação sobre meio ambiente quanto em uma sobre tecnologias. Essa técnica, que pode ser uma cilada, coloca em xeque os atuais critérios de correção do Enem, que priorizam mais a forma do que o conteúdo dos textos, segundo professores
O Inep afirma que “o critério ‘criatividade’ não é objeto de avaliação do exame, pois não faz parte do construto julgado na prova de redação”. Diz também que os textos dissertativos “possuem um rol limitado de características formais. Eventualmente, isso pode motivar atividades didáticas que visem ao domínio de tais características”.