Terça-feira, 03 de dezembro de 2024
Por Gelson Santana | 13 de novembro de 2024
O que será que vem por aí?
Foto: RS/Fotos PúblicasEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O resultado da eleição presidencial americana nos impõe uma reflexão sobre a equação desenvolvimento econômico, estagnação ou retrocesso civilizatório. Todos sabemos que preconceito é um componente secular no dito primeiro mundo.
No caso do país referido, o pouco que conheço da história começou, segundo os registros disponíveis, em 1861 com a Guerra Civil Americana, um embate sobre o fim da escravidão. Depois vários outros como as conhecidas Black Codes e o sistema de leis Jim Crow que vigorou até 1965 e previam que os brancos e não brancos estavam “separados, mas iguais. Sabemos que, na verdade, para os não brancos sobravam somente os piores serviços públicos, seja em relação às escolas, aos meios de transporte ou ao direito ao voto”.
Fundamental resgatar os movimentos pelos direitos civis ganhou reverberação mundial graças a líderes como Martin Luther King e Malcom X que lutaram contra a segregação racial, pelo direito ao voto e direitos iguais. Portanto, não se pode negar que a história dos Estados Unidos é carimbada por um legado de discriminação racial. Voltando a reflexão. Tentando entender como ele teve crescimento de votos, comparado com sua última disputa, junto a públicos como negros, migrantes, LGBTQI + e latinos que já foram alvo de seus ataques. Alguém poderá dizer que se enquadram na teoria da Síndrome de Estocolmo. Não acredito.
Aliás, quando iniciou o processo de discussão interna no seu partido existiam céticos que tinham dúvidas se a maioria dos americanos votaria novamente nele. Ao pensar sobre esses dois ingredientes, é lógico que ele e sua equipe política e marqueteira foi muito mais competente que do partido Democrata. A narrativa foi precisa. Pregou para convertido e converteu “indecisos”.
Para isso focou em aspectos muito claros junto aos eleitores, segundo estudiosos e analistas políticos. Entre os principais citam: descontentamento com o atual status, retomada do sucesso econômico, ideologia conservadora (em temas familiares/desaprovação de políticas progressistas) e corresponsabilização de imigrantes pelo crescimento da violência.
Em que pese o reconhecimento dessas “competências” para vencer as eleições é difícil acreditar que com todos os avanços que a humanidade consolidou nas últimas décadas nas áreas da tecnologia, comunicação, mobilidade, saúde, energia e tantas outras ainda assistimos uma parte significativa da sociedade vive da guerra, da ofensa, do desrespeito à diversidade, etnia e classe social. E ao absurdo de guerrear (para não dizer outra coisa) com quem torce por um time diferente do nosso.
Fico pensando como próspera em algumas mentes que o que impera é o a si próprio e não o outro. Como será o nosso mundo a partir de agora? Como será a vida dessas pessoas que serão perseguidas pelos que cultivam o preconceito. O que será que vem por aí?
Para encerrar, proponho que não deixemos de acreditar no simples ensinamento do Prêmio Nobel da Paz de 1983: “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele. Por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.
Infelizmente não acredito que esse seja um dos mantras do presidente eleito. Com certeza o dele é perseguir e expulsar milhares de Mandelas.
(Gelson Santana é presidente do STICC e Secretário Nacional do Setor da Construção UGT Brasil)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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