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Economia Banco Central indica alta de 0,5 ponto na Selic, mas mercado vê chance de aceleração

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O Copom afirma que “uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária”.

Foto: ABr
O Copom afirma que “uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária”. (Foto: ABr)

O Banco Central (BC) indicou na ata de sua última reunião de política monetária que, caso não haja uma deterioração ainda mais relevante do cenário, o ritmo do aperto monetário deverá ser mantido em 0,5 ponto percentual. No entanto, com as incertezas relacionadas às medidas de contenção de gastos, os preços de mercado seguem atribuindo uma probabilidade majoritária de o Comitê de Política Monetária (Copom) acelerar o passo em dezembro, o que também já começa a ser incorporado nos cenários-base de importantes instituições do mercado.

No parágrafo 15 do documento divulgado na terça-feira (12), o Copom afirma que “uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária”. Ainda que a linguagem utilizada indique cautela, economistas avaliam que a opção do colegiado pela escolha do termo “prolongamento” do ciclo, em detrimento de uma eventual “aceleração”, indica que há conforto com o ritmo do aperto monetário em curso. Assim, caso haja uma piora adicional no cenário, a resposta seria a de uma Selic mais elevada ao fim do ciclo de altas e não de maior rapidez para alcançar seu ponto mais alto.

“O BC subiu um pouco a barra para acelerar. O prolongamento está ligado ao orçamento total do ciclo e não a ser mais agudo em uma decisão. Dito isso, há um limite nessa estratégia. Se o ciclo precisar ser muito maior, é natural que seja necessária uma aceleração. Mas, no detalhe, o mercado atribui uma probabilidade majoritária de 0,75 ponto de alta na próxima reunião e o documento tenta diminuir um pouco essa chance, aos olhos de hoje”, afirma o economista do Santander, Marco Caruso.

A manutenção do ritmo de aperto de 0,5 ponto, no entanto, pode ser desafiada caso o anúncio das medidas de contenção de gastos – algo que se arrasta há semanas – frustre as expectativas dos agentes.

“O mercado tem se apegado à divulgação do fiscal e, com a dificuldade de os anúncios recentes trazerem uma surpresa positiva, te deixa um pouco obrigado a manter o cenário de aceleração no radar. A eleição americana também traz a necessidade de repensar os cortes de juros nos EUA. e o global é mais um elemento que pode fazer uma alta de 0,75 ponto possível”, avalia.

A leitura é semelhante à da economista-chefe para Brasil da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro. Para ela, a redução de gastos atualmente em discussão no governo deve ter papel determinante na próxima decisão de juros. Por ora, a preferência do colegiado é manter o ritmo de alta da Selic em 0,5 ponto percentual por reunião, mas uma aceleração pode ocorrer se não houver uma mudança no impulso fiscal.

“A [próxima] decisão [do Copom] é em 11 de dezembro, e até lá já deu tempo de o pacote de corte de gastos ser anunciado e avaliado. E já teve a última revisão bimestral de receitas e despesas. Além disso, devemos ter o debate no Congresso sobre o Orçamento de 2025 bastante amadurecido”, diz Pinheiro, que vê esse cenário como o de base para o Copom. No entanto, “se o fiscal se mantiver igual, com impulso forte [à economia], o BC vai acelerar para 0,75 ponto percentual”, prevê.

Atualmente, o cenário-base da economista é que o governo entregará um ajuste de despesas suficiente para, junto com o aperto monetário do BC, reduzir a demanda agregada ao ponto de abrir espaço para cortes na Selic na segunda metade de 2025. A projeção da casa é que a taxa básica de juros chegará ao teto de 12% e terminará 2025 em 10%.

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