Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de novembro de 2024
Espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) cresceu 0,84% em setembro, na comparação ao mês anterior, quando havia registrado alta de 0,2%. A informação foi divulgada nesta semana pelo Banco Central. O resultado ficou acima das expectativas.
Projeções do jornal especializado “Valor Econômico” previam uma mediana de aceleração de 0,6%. Em relação a setembro do ano passado, o índice subiu 5,1%, enquanto o mercado previa aumento de 4,5%.
No acumulado de 12 meses, o crescimento foi de 2,97%, enquanto nos nove primeiros meses de 2024 houve crescimento de 3,3%. Já no trimestre encerrado no mês de setembro, foi registrado uma alta de 1,1% em relação ao trimestre anterior. Em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o crescimento foi de 4,7%.
O IBC-Br leva em consideração informações sobre o nível de atividade de indústria, comércio e serviços, e agropecuária, além do volume de impostos. Divulgado todo o mês, o indicador realizado pelo Banco Central mede a evolução da atividade econômica e auxilia a autoridade monetária em decisões, como possíveis alterações na taxa básica de juros, a Selic.
Para a equipe de análise macroeconômica da consultoria Genial Investimentos, o indicador “reforça a percepção de resiliência da atividade econômica mesmo diante de um cenário marcado por uma política monetária contracionista”.
A soma de outros índices, como de atividade da indústria, comércio e serviços, é vista pela gestora como fatores que corroboram a percepção de sustentação de um ritmo de crescimento ainda elevado para a economia, de modo que a desaceleração projetada deve ser mais lenta do que a antecipada pelo mercado.
O novo dado potencializa o ciclo de alta dos juros no Brasil, na visão de Yihao Lin, gerente de análises econômicas da Genial, que prevê, com a “Prévia”, um cenário aquecido também para o PIB do terceiro trimestre:
“Por um lado, vemos a atividade beneficiando o mercado de trabalho, a arrecadação, do governo, mas, por outro, a economia já está bastante aquecida. As surpresas indicam que a economia opera num patamar superaquecido, que gera pressões inflacionárias”.
Apesar do dado ligeiramente acima das expectativas, o analista entende que o último trimestre deve apresentar desaceleração, mas ainda com crescimento robusto: “Se fosse um carro, vamos sair de 160 para 120 km/h. É uma desaceleração, mas ainda estamos indo rápido”.
Ele se refere ao “pé no acelerador” visto nos seis primeiros meses do ano sendo motivados pelos impulsos fiscais, que serão ausentes e não vão contribuir para os indicadores a partir do segundo semestre: “Para além da política monetária contracionista, você tem ausência do impulso fiscal. É de se esperar que a economia desacelere”.
Para Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do grupo norte-americano de investimentos Goldman Sachs, o ritmo da atividade real tende a continuar se beneficiando de estímulos fiscais, aumentos nos salários e crescimento sólido da renda real das famílias. Mas esse ritmo pode ser “parcialmente compensado” por conta do aperto monetário e incertezas em relação à política fiscal.