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Saúde Mais de 77 mil mulheres no Brasil estão na fila da mamografia; espera média é de 24 dias

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O número é maior do que os dados registrados em anos anteriores, especialmente após a pandemia de covid-19. (Foto: Divulgação)

Um levantamento do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação, expõe uma realidade preocupante para o diagnóstico precoce do câncer de mama no Brasil: mais de 77 mil mulheres estão aguardando por uma mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS).

O número é maior do que os dados registrados em anos anteriores, especialmente após a pandemia de covid-19. A situação mais crítica ocorre em Estados do Sul e do Sudeste. Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro respondem por mais de 57% da fila nacional, com 17 mil, 15 mil e 12,5 mil mulheres esperando pelo exame, respectivamente.

“Em Santa Catarina, por exemplo, há uma notificação mais eficiente dos casos, o que pode fazer com que o Estado apareça com números mais elevados do que outros. Mas isso não significa que seja o Estado com o maior número de casos de câncer de mama”, pondera a presidente do CBR, Cibele Alves de Carvalho.

A radiologista enfatiza que o acesso à mamografia, assim como ao tratamento do câncer de mama, sempre foi um tema complexo no Sistema Único de Saúde (SUS), e a disparidade regional torna a questão ainda mais desafiadora.

Embora existam variações no tempo de espera para a realização do exame entre os Estados, a falta de recursos financeiros, a sobrecarga do sistema público de saúde e a infraestrutura deficiente em algumas regiões são fatores que agravam a situação. “O número de mulheres aguardando por mamografias no SUS é um indicador preocupante, sugerindo uma sobrecarga contínua no sistema”, avalia o oncologista André Sasse, integrante da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

“Embora não tenhamos um histórico detalhado semelhante de anos anteriores para comparar, o volume atual aponta para uma demanda ainda não resolvida e que provavelmente está crescendo, especialmente em algumas regiões”, afirma.

O levantamento indica que o tempo médio de espera por uma mamografia no País é de 24,43 dias, mas em locais como Distrito Federal, Rondônia e Minas chega a 80, 59 e 53 dias, respectivamente. Enquanto isso, Acre e Alagoas apresentam tempo médio de espera de 5 a 10 dias.

Procurada, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal contestou o tempo de espera. Segundo a pasta, há 662 solicitações para realização de mamografia no DF, sendo de 7 dias o tempo médio estimado para realização do exame.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por sua vez, afirmou que tem investido em um programa de transporte de pacientes para que mulheres que vivem em cidades sem mamógrafo possam realizar o exame em outros municípios. Também informou que um novo programa de enfrentamento ao câncer no Estado prevê a busca ativa de pacientes. O governo de Rondônia não se pronunciou.

“A detecção precoce é essencial para que tratamentos menos agressivos e mais eficazes sejam aplicados, aumentando as chances de sucesso”, reforça Sasse. O oncologista afirma que o tempo de espera prolongado é preocupante quando as mamografias são solicitadas por suspeita clínica (em caso de nódulos palpáveis), em que a rapidez no diagnóstico é essencial ao tratamento eficaz.

“Dar acesso ao exame de mamografia pode salvar vidas e também otimizar recursos, ao evitar tratamentos de estágios avançados, que são mais caros e desgastantes para os pacientes e o sistema de saúde”, defende Cibele. “Quanto mais rápido for o diagnóstico, maior será a chance de sucesso no tratamento, especialmente no que diz respeito à preservação da mama e à qualidade de vida da paciente.”

Os especialistas ouvidos pelo Estadão e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) concordam: não dá para esperar. O controle do câncer de mama depende da agilidade no diagnóstico. Ainda assim, dados do próprio Inca revelam que 36% dos laudos das mamografias são liberados após mais de 60 dias, o que prejudica a adesão ao rastreamento e reduz a efetividade do tratamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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