Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2024
O diabetes atinge cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil e é considerado uma doença silenciosa. Uma a cada três pessoas não sabe que tem a doença, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Os problemas na visão são hoje uma das principais complicações da doença, atingindo, cerca de 40% dos pacientes diabéticos, conforme dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
De acordo com a oftalmologista Ângela Maestrini, diretora técnica do Hospital de Oftalmologia Oculare, é essencial que um exame oftalmológico seja feito logo em seguida à descoberta do diabetes. “Não se deve esperar pelos sintomas para procurar o oftalmologista. O exame oftalmológico deve ser repetido anualmente e, em caso de se detectarem alterações, como hemorragias, extravasamentos, edema macular, essas alterações devem ser tratadas precocemente, para evitar as complicações tardias, que podem levar à cegueira, como a neovascularização e o descolamento da retina. O descontrole da glicemia provoca uma série de reações no organismo, incluindo alterações nos pequenos vasos da retina, que podem causar hemorragias, microaneurismas ou a proliferação de novos vasos sanguíneos anormais”, alerta.
A médica ainda explica que a retinopatia diabética afeta os vasos da retina, que é a estrutura do olho responsável pela formação e envio das imagens ao cérebro. “Quando as lesões de retinopatia ocorrem na região central da retina provocam um edema, que pode levar à cegueira, se não for diagnosticado e tratado precocemente. O diagnóstico e o tratamento precoces são as principais armas para a prevenção da cegueira; O controle metabólico da glicemia também é fundamental para evitar o avanço da doença”.
Sintomas
“Vista embaçada, com manchas pretas flutuantes e perda progressiva da visão são sintomas que, muitas vezes, levam pacientes ainda em idade produtiva a se descobrirem diabéticos. Quando esses sintomas aparecem, a doença costuma já estar bastante avançada, uma vez que nos estágios iniciais ela pode não dar sinais e passar despercebida”, detalha a médica.
Tratamento
Segundo a oftalmologista, o tratamento da retinopatia se baseia em dois pilares. “O primeiro é o controle metabólico de diabetes e das comorbidades, como hipertensão, obesidade e síndrome metabólica. Isso pode afetar de forma acentuada o curso da doença.O segundo pilar é o tratamento das alterações já existentes na retina, à época do diagnóstico, com objetivo de deter a progressão da doença. Em estágios mais avançados, quando a retinopatia já é proliferativa, podem ocorrer hemorragias mais extensas e descolamento da retina. Para esses casos já são necessários recursos cirúrgicos mais invasivos, como a vitrectomia, e as sequelas tendem a ser maiores”.
Prevenção
De acordo com a especialista, a principal forma de prevenção é o exame periódico feito pelo oftalmologista, preferencialmente o especialista em retina, logo após do diagnóstico do diabetes, além do tratamento precoce das alterações eventualmente encontradas. “É importante o paciente buscar um estilo de vida mais saudável para controlar os níveis de glicemia no sangue, a fim de evitar a progressão da doença. Em casos mais avançados, porém, podem ser realizadas injeções dentro do olho, cirurgia de vitrectomia e procedimentos a laser”, conclui Ângela Maestrini, oftalmologista e diretora técnica do Hospital de Oftalmologia Oculare.