Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2024
Com o Pão de Açúcar ao fundo, os líderes globais que participam da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro posaram, nessa segunda-feira (18), para a foto oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, carro-chefe da presidência brasileira. O registro não contou com a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e dos primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e Itália, Giorgia Meloni.
A ausência dos três causou um mal estar diplomático, sobretudo porque o registro — que estava na programação oficial da cúpula — foi amplamente divulgado como a “foto de família” dos líderes, mas se tratava, na realidade, da foto oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Um registro em conjunto entre os chefes de Estado do G20 não era tirado desde 2021, na cúpula realizada em Roma, devido às divergências em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia.
Mais cedo, fontes oficiais afirmaram que uma espécie de “boicote” à presença do chanceler russo, Sergei Lavrov, por parte de líderes do G7 — grupo das sete maiores economias do mundo — “não podia ser descartado”.
O possível recado dos três líderes — sendo os EUA a nação mais rica do grupo, a Itália a atual presidente e o Canadá a sucedendo no ano que vem — teria ocorrido em um contexto em que os países do G7 pressionavam para que o trecho da declaração do G20 que menciona a guerra entre Rússia e Ucrânia, em curso há quase três anos e sem previsão de trégua, fosse reaberto após o ataque russo a instalações elétricas ucranianas no domingo (17), às vésperas da cúpula. O Brasil, no entanto, se manteve firme em não reabrir o debate, alcançando consenso para a declaração final na noite dessa segunda.
O mesmo protesto contra a presença do chanceler russo ocorreu em 2022 e em 2023, nas cúpulas de Bali e Nova Délhi, respectivamente. Em ambas as ocasiões, contudo, não houve sequer um registro em grupo.
Versão americana
Em meio às especulações sobre das ausências dos dois três líderes, funcionários dos Estados Unidos negaram que Biden tenha perdido a foto para evitar aparecer ao lado de Lavrov. Segundo fontes do governo, Biden estava em uma reunião bilateral com Trudeau e Meloni, no andar de cima do Museu de Arte Moderna (MAM), pouco antes do registro acontecer. Quando chegaram, o grupo já estava disperso.
“Devido a problemas logísticos, a foto foi tirada antes de todos os líderes chegarem. Por isso, alguns líderes não estavam presentes”, explicou um funcionário americano à AFP sob a condição do anonimato.
Uma nova tentativa deve ser realizada nesta terça (19), com a presença dos três líderes, sinalizaram fontes do governo americano.
No entanto, algumas fontes diplomáticas brasileiras descartaram uma nova foto na terça. A aliança, relatam, teria sido usada justamente como subterfúgio para reunir os líderes, apesar das divergências que impediram a “foto de família” nos anos anteriores.
Mais cedo nessa segunda, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou os EUA de escalarem a guerra ao permitir no domingo que a Ucrânia usasse mísseis de longo alcance de fabricação americana, ou ATACMS, para atingir alvos dentro da Rússia. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, “é óbvio que a administração cessante em Washington pretende tomar medidas para continuar alimentando o fogo e provocar uma nova escalada de tensões.”
Putin foi formalmente convidado para a cúpula de líderes, mas declinou o convite. O mandatário é alvo de um mandado de prisão pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) relacionado à guerra na Ucrânia. Países-membros do TPI, como o Brasil, são teoricamente obrigados a prender Putin se ele entrar em seus territórios.
Líderes juntos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva posou para a foto ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. A Índia foi o último país a sediar a cúpula antes do Brasil, que, por sua vez, será sucedido pela África do Sul no próximo ano.
Na primeira fila, próximos ao presidente brasileiro, também estavam o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e Xi Jinping, presidente da China.