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Política Polícia Federal detalha cerco de militares contra Alexandre de Moraes em dezembro de 2022

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Relatório da Operação Contragolpe mostra que ao menos seis pessoas teriam ficado de prontidão para matar ou sequestrar o ministro do STF. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O relatório da Polícia Federal (PF) sobre o planejamento de um golpe de Estado por militares mostra que no dia 15 de dezembro de 2022 pelo menos seis pessoas ficaram de prontidão em locais de Brasília em que o ministro Alexandre de Moraes poderia passar naquele dia, entre as pessoas está o major Rafael de Oliveira, do grupo “kids pretos” — grupo de elite do Exército. O documento embasou a Operação Contragolpe, deflagrada como parte do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com a PF, a ideia do grupo seria um possível sequestro ou homicídio de Moraes, que em 2022 presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na avaliação dos golpistas era preciso “neutralizar” a ação dele e de outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

No dia escolhido pelos militares, os ministros da Corte julgavam a legalidade da execução de emendas parlamentares, que ficaram conhecidas como orçamento secreto. A análise foi adiada. Embora não fique claro o motivo exato pelo qual a missão contra Moraes foi abortada, o adiamento do julgamento apareceu nas conversas.

Um dos integrantes pergunta no grupo no Signal, aplicativo de troca de mensagens, para essa operação específica em qual posição deveria ficar e recebe como resposta uma reportagem do portal Metrópoles dizendo que a votação sobre o orçamento secreto no STF seria adiada para segunda-feira, 19 de dezembro. Na sequência, alguém diz: “Tô perto da posição, vai cancelar o jogo?” e o mesmo integrante que enviou a reportagem responde: “Abortar… Áustria… volta para o local de desembarque… estamos aqui ainda”.

O dia 15 de dezembro de 2022 seria a última sessão em plenário antes do recesso do Judiciário, marcado para começar no dia 20 de dezembro de 2022. Sem o término da votação que determinou o fim do orçamento secreto, os ministros resolveram fazer uma sessão extra, na segunda-feira, 19 de dezembro, antes do início do recesso.

“O contexto das mensagens trocadas indica que a ação desenvolvida tinha relação com a notícia do adiamento da votação que estava sendo realizada naquele dia no Supremo Tribunal Federal. No dia 15/12/2022, os ministros encerraram as atividades do plenário no início da noite. Ainda faltavam dois votos para encerrar o julgamento, que somente seria finalizado na segunda-feira, dia 19 de dezembro de 2022”, escreveu a PF.

Acertos

De acordo com o relatório da PF, a dinâmica evidencia que o momento crítico das ações começou nas primeiras horas da noite do dia 15 de dezembro de 2022. As mensagens trocadas entre os integrantes do grupo “Copa 2022” demonstram que os investigados estavam em campo, divididos em endereços específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender Moraes. “As trocas de mensagens indicam que os interlocutores estavam em locais distintos, conforme um planejamento organizado anteriormente”, diz o documento policial.

Às 20h33, uma pessoa informou ao grupo um dos locais em que estavam atuando. Diz: “Estacionamento em frente ao Gibão Carne de Sol. Estacionamento da troca da primeira vez”.

O endereço é um restaurante em Brasília, localizado no Parque da Cidade. Em seguida, outra pessoa informa que já estava no local combinado: “Tô na posição”. Outro interlocutor responde “Ok”.

Na avaliação dos policiais, o local inicial onde um integrante estava para cumprir a ação planejada, reforça que os investigados estavam executando um plano para, possivelmente, prender Moraes, no dia 15 de dezembro de 2022.

De acordo com as mensagens analisadas, um dos integrantes estava inicialmente no final do bairro Asa Sul. Em uma das mensagens ele diz: “Andei a Asa Sul inteira”.

Nesse sentido, os dados obtidos pela investigação confirmaram que Moraes, em dezembro de 2022, tinha residência funcional no final da Asa Sul, endereço que tem pertinência geográfica com a localização de um dos integrantes do grupo no período da realização da ação clandestina.

Um dos membros comunica a dificuldade de chegar no ponto de resgate marcado, após a ordem de abortar a missão. Na sequência ele procura um táxi para se deslocar, não consegue e faz o percurso a pé. Na avaliação policial, ao tentar um táxi, os integrantes não queriam deixar “qualquer rastro de sua localização nas proximidades da residência do ministro Alexandre de Moraes. Tal fato explica o motivo de não ter utilizado o serviço de aplicativos de viagem (ex: Uber), que deixaria registrado o local de embarque”.

A polícia aponta que, de táxi, seria possível pagar a viagem em espécie, sem deixar qualquer registro de localização e identificação. Ao não conseguir, optou por se deslocar a pé até um shopping onde foi resgatado pelo major Rafael de Oliveira.

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