Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2024
O ex-ajudante de ordens Mauro Cid teve de entregar o general Braga Netto e complicar a vida do ex-presidente Jair Bolsonaro para não perder os benefícios de sua delação premiada. A informação é de pessoas que tiveram acesso à audiência dessa quinta-feira (21) realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) e convocada pelo relator do inquérito das milícias digitais, o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a informação passada para o blog do jornalista Valdo Cruz, do portal g1, a audiência de Mauro Cid foi “muito boa”. Ele confirmou, segundo relato de presentes, a participação de Walter Souza Braga Netto nas reuniões sobre o planejamento de assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice eleito, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes e “complicou” a vida do ex-presidente Jair Bolsonaro dentro das investigações sobre a elaboração de um plano golpistas.
A defesa de Mauro Cid já havia adiantado que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro iria confirmar a participação do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil nas reuniões sobre o plano golpista. Mas ele acabou indo além e deu informações que também comprometem o ex-presidente da República nas investigações, o que ele vinha evitando fazer até agora em seus depoimentos à Polícia Federal.
Foi por isso, por sinal, que a Polícia Federal decidiu encaminhar ao STF um pedido para anular os benefícios de Mauro Cid em sua delação, que inclui a redução ou mesmo perdão de suas penas, beneficiando também a sua família, como seu pai, o general Lourena Cid, que se envolveu nas vendas de joias recebidas como presente por Bolsonaro. Na avaliação da PF, ele estava quebrando as regras da delação, omitindo de propósito informações sobre os planos golpistas.
Antes de tomar uma decisão, Alexandre de Moraes decidiu ouvir Mauro Cid de novo em audiência, o que ocorreu nessa quinta-feira (21). O advogado de defesa, César Bittencourt, confirmou na saída do STF que a delação de seu cliente foi mantida porque ele manteve seu compromisso de falar o que sabe sobre o que aconteceu durante o governo Bolsonaro.