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Política Plano para matar Lula: veja quais são as implicações para Bolsonaro e outras perguntas sem resposta

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A PF indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por suspeita de uma tentativa de golpe de Estado. (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

A operação da Polícia Federal (PF) que revelou um suposto plano para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes e dar um golpe de Estado no Brasil em 2022 ainda tem pontos a serem esclarecidos.

O caso teve um novo desdobramento quando a PF indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por suspeita de uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder após as eleições de 2022.

Entre os indiciados, estão o general Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa derrotada com Bolsonaro em 2022, e o general Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional durante o governo de Bolsonaro.

O principal ponto a ser esclarecido no caso é qual a implicação de Bolsonaro e quais podem ser os possíveis impactos das novas revelações no inquérito dos supostos planos golpistas.

Também ainda precisa ser esclarecido por que Braga Netto foi amplamente implicado no plano de matar Lula, mas não foi preso como outros investigados, e ainda o motivo do plano ter sido abortado.

Implicações

A operação ocorreu no momento em que a PF finalizava o inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder, da qual os atos de 8 de janeiro em Brasília fariam parte.

Agora que Bolsonaro foi indiciado por tentativa de golpe de Estado, a Procuradoria-geral da República decidirá se apresenta uma denúncia criminal contra ele.

Não está claro o quanto as novas investigações envolvendo o plano de matar Lula podem implicar o ex-presidente, que não foi alvo direto da nova operação.

Bolsonaro afirmou à revista Veja que nunca soube de um plano para assassinar autoridades. “Lá na Presidência havia mais ou menos 3 mil pessoas naquele prédio. Se um cara bola um negócio qualquer, o que tenho a ver com isso? Discutir comigo um plano para matar alguém, isso nunca aconteceu”, declarou.

O ex-presidente afirmou ainda que “jamais compactuaria” com qualquer plano para dar um golpe.

No entanto, a apuração trouxe elementos contra pessoas muito próximas ao então presidente, como o próprio Braga Netto e o general de brigada da reserva Mario Fernandes.

Fernandes atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro e também exerceu a função de assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro de Bolsonaro, mas foi afastado do posto por determinação do STF.

Segundo o relatório da PF, Fernandes enviou uma mensagem de áudio para Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, indicando que o então presidente participava dos planos golpistas.

Essa não é a primeira vez que investigações apontam possível atuação direta de Bolsonaro.

Em fevereiro, outra operação da PF indicou que então presidente teria recebido uma minuta com teor golpista, prevendo as prisões dos ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na ocasião, o próprio Bolsonaro teria feito ajustes no texto.

Braga Netto

Após a operação da PF, muitos passaram a questionar por que Braga Netto não teve a prisão preventiva decretada, já que ele é apontado como um dos mentores do suposto plano golpista.

Para o criminalista Davi Tangerino, não é possível entender os fundamentos jurídicos para a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitar — e Moares decretar — a prisão de apenas parte dos investigados.

Na sua leitura, porém, não parece haver elementos suficientes para a prisão de nenhum dos suspeitos, porque os casos investigados ocorrerem há quase dois anos.

Ele ressalta que a lei prevê alguns requisitos para a prisão preventiva, como indícios de que a atividade criminosa continua em curso ou que os suspeitos estejam tentando atrapalhar as investigações, com destruição de provas.

Emboscada abortada

Outro ponto ainda não esclarecido é o que levou os investigados a abortar uma tentativa de sequestrar Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo a investigação, o grupo teria tomado ações concretas para tentar prender Moraes na noite de 15 de dezembro de 2022, mas a operação acabou abortada. O relatório da PF não aponta o que teria levado os suspeitos a desistirem da missão.

Os planos foram identificados a partir de trocas de mensagens, por meio de celulares comprados em nomes de laranjas.

Segundo a polícia, os participantes do plano se comunicavam em um grupo chamado Copa 2022, composto por seis integrantes, que usavam os codinomes Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana.

O documento do STF aponta que “as mensagens trocadas entre os integrantes do grupo demonstram que os investigados estavam em campo, divididos em locais específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender o ministro Alexandre de Moraes”.

Às 20h33 daquela noite, a pessoa associada ao codinome Brasil informa um dos locais em que estava atuando.

Ele diz: “Estacionamento em frente ao gibão carne de sol. Estacionamento da troca da primeira vez”.

Em seguida, a pessoa associada ao codinome Gana informa que já estava no local combinado: “Tô na posição”.

A troca de mensagens continua até que, às 20h57min, a pessoa de codinome Áustria diz: “Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?”.

Segundo a PF, ele possivelmente queria saber se a ação contra Moraes seria cancelada.

Cerca de dois minutos depois, Japão, o suposto líder do grupo, respondeu: “Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui ainda…”.

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