Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2024
A cúpula das Forças avalia que a presença de 25 militares da ativa ou da reserva entre os 37 indiciados por tentativa de golpe atinge a imagem da corporação, mas é uma “depuração necessária para enviar um recado aos quartéis de que planos golpistas serão punidos com rigor” pelo Judiciário.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tem dito que a orquestração de um golpe por militares ficou restrito a um grupo e não foi um ato da instituição.
“A responsabilidade é de cada um. Cada um que responda pelos seus atos. A instituição não teve nem tem envolvimento com isso”, afirma o ministro da Defesa.
Ele lembra que foi a posição firme de dois militares que evitaram um golpe. Uma referência aos comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Batista Jr., que rejeitaram qualquer participação das Forças Armadas na elaboração do plano da minuta do golpe.
Freire Gomes e Batista Jr. relataram, em depoimentos à Polícia Federal, que tiveram reunião no Palácio da Alvorada com o então presidente Bolsonaro, quando foram apresentados à minuta do golpe em discussão dentro governo. Os dois se posicionaram contra o planejamento.
O único que teria se posicionado a favor foi o comandante da Marinha, almirante Garnier Santos. Ele está na lista dos indiciados.
Dentro das Forças Armadas, a avaliação é que o episódio vai ajudar a tirar, de vez, a política de dentro dos quartéis.
E que o ideal é o Congresso aprovar rapidamente a proposta de emenda à Constituição (PEC) dos militares, sugerida pelas Forças Armadas, que determina que um militar, se quiser disputa um cargo eletivo, tem de deixar a ativa e ir para a reserva, não voltando mais aos quartéis.
Investigação da Polícia Federal mostrou de forma detalhada que um grupo de oficiais elaborava um plano para matar o presidente e o vice antes da diplomação dos dois, no final de 2022 – depois da derrota de Jair Bolsonaro e Braga Netto na eleição presidencial.
O plano incluía assassinar o ministro do STF Alexandre de Moraes, à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O plano chegou a ser colocado em prática, com uma campana em frente ao apartamento funcional de Moraes, em Brasília.
A investigação também mostra que o plano avançou após uma reunião, em novembro, na casa do general Braga Netto, que foi um dos nomes mais fortes do governo Bolsonaro – foi ministro da Defesa e ministro-chefe da Casa Civil e candidato a vice na chapa derrotada de 2022.