Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2024
O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, um dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) na última quinta-feira por envolvimento em um suposto plano de golpe de Estado, acumula mais de 420 mil seguidores no Instagram. Pároco na Paróquia São Domingos, José Eduardo ficou conhecido por ministrar palestras e cursos envolvendo temas polêmicos, como aborto e gênero.
Na rede social, o padre que reside em Osasco, interior de São Paulo, se descreve como “sacerdote, pároco e professor”. Além de vender cursos on-line voltados para a doutrina católica, ele também prestou atendimento espiritual ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018, quando ele levou uma facada no abdômen.
De acordo com a PF, o padre teria participado de reuniões com Bolsonaro para debater propostas de cunho golpista. O padre chegou a prestar um depoimento à PF no início deste mês, no qual ele negou ter participado de reuniões envolvendo o planejamento de uma “minuta golpista”. Segundo ele, Bolsonaro recebeu apenas ajuda “espiritual”.
O indiciamento veio à tona após a Polícia Federal realizar uma busca e apreensão em domínios do padre em fevereiro deste ano. As investigações apontam que ele participou de um grupo jurídico que supostamente atuou na mudança de decretos para “respaldar” a tentativa de golpe de Estado depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
A presença de José Eduardo em reuniões foi confirmada também pelo tenente-coronel Mauro Cid, que fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, validado novamente na quinta-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Documentos da investigação também registram a entrada do padre no Palácio do Planalto no dia 19 de novembro de 2022, onde teria se reunido com outros indiciados, como Filipe Martins e Amauri Feres Saad.
Os 37 indiciados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, responderão pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Saiba mais
Natural de Piracicaba (SP), José Eduardo mudou-se ainda criança para Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo. Ele foi ordenado sacerdote da Diocese de Osasco em 2006 e é doutor em Teologia Moral pela Universidade da Santa Cruz, em Roma.
José Eduardo já afirmou sentir “saudades dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas” e sugeriu que a indústria farmacêutica criasse “um calmante em forma de supositório”. Além das redes, ele oferece cursos de ensino teológico com valores que ultrapassam R$ 800 por ano e mantém um canal no YouTube com 136 mil inscritos.
A defesa de José Eduardo criticou a divulgação do nome do religioso pela Polícia Federal, acusando o órgão de violar o sigilo decretado pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo os advogados, “a nota da Polícia Federal com a lista de indiciados é mais um abuso realizado pelos responsáveis da investigação e, tendo publicado no site oficial do órgão policial, contamina toda instituição e a torna responsável pela quebra da determinação do Ministro de sigilo absoluto”.