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Política Em 2023, o tenente-coronel Mauro Cid assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e se comprometeu a revelar os fatos de que tomou conhecimento durante o governo Bolsonaro

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Cezar Bittencourt declarou à GloboNews que o ex-presidente "sabia de tudo", e voltou atrás, afirmando não ter citado "plano de morte". (Foto: Reprodução de vídeo)

O advogado Cezar Bittencourt disse que o tenente-coronel Mauro Cid relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia do plano para execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro da Corte Alexandre de Moraes, conforme relatado pela Polícia Federal (PF) na Operação Contragolpe. Logo após fazer a afirmação, em entrevista à GloboNews na sexta-feira (22), o advogado recuou das declarações.

“Confirma que sabia, sim. Na verdade, o presidente de então sabia tudo, comandava essa organização”, disse Bittencourt, ao ser questionado se o ex-ajudante de ordens da Presidência confirmou que Bolsonaro tinha ciência do plano de golpe de Estado e de execução do magistrado e da chapa eleita em 2022.

Nove minutos depois, o advogado disse que a confirmação de Cid ao Supremo é de que Bolsonaro sabia sobre um determinado “plano”, e não propriamente sobre um plano de assassinato de autoridades. Depois, recuou dizendo que o “plano” conhecido por Bolsonaro não era o de uma ruptura institucional, mas sobre um determinado fato “que vinha acontecendo” no seu entorno.

De acordo com o defensor, Cid “participou como assessor, verificou os fatos, indicou esses fatos ao seu chefe”, mas Bolsonaro é quem tinha “toda a liderança” do processo. Bittencourt também confirmou que Cid forneceu mais detalhes sobre a atuação do general da reserva Walter Braga Netto – ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e ex-vice na chapa à reeleição encabeçada por Bolsonaro – no suposto plano de ruptura institucional.

Voltou atrás

Minutos depois, porém, o advogado voltou atrás, dizendo que não havia afirmado que Bolsonaro sabia sobre o plano de assassinato. O defensor justificou o recuo afirmando que havia compreendido “plano de execução” com o sentido de “executar” determinada tarefa, e não de “assassinar”.

“Eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o tudo é muita coisa”, disse Bittencourt. “O presidente, segundo a informação, teria conhecimento dos acontecimentos que estavam se desenvolvendo, isso ele não pode negar, mas não tem nada além disso. Eu não falei plano de morte, plano de execução, de execução como sendo o plano de morte, falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido.”

Bittencourt seguiu recuando também quanto ao conhecimento de Bolsonaro sobre um golpe de Estado, descrevendo de forma difusa qual tipo de “plano” o então presidente da República tinha conhecimento.

Segundo o advogado, ele tinha ciência sobre um fato “que estava acontecendo” entre seus aliados após a eleição presidencial de 2022. “Eu não sei que tipo de golpe poderia ser. Agora, (Jair Bolsonaro) tinha interesse no acontecimento que estava acontecendo aqueles dias, o presidente sabia.”

Na terça-feira passada, Mauro Cid prestou depoimento à PF e negou ter conhecimento de um plano para um golpe de Estado em dezembro de 2022, e a delação premiada ficou ameaçada. Anteontem, porém, o Supremo decidiu manter o a colaboração premiada de Cid.

A PF havia informado em ofício ao STF que Cid descumpriu as cláusulas de seu acordo de delação premiada firmado com a corporação, abrindo brecha para uma eventual rescisão do pacto fechado no inquérito das milícias digitais.

Após depoimento de cerca de três horas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, a Corte informou em nota que “o colaborador esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal”. Com isso, Moraes “confirmou a validade da colaboração premiada”. O depoimento foi enviado pelo ministro de volta à PF para complementação das investigações.

Em 2023, o tenente-coronel, sob investigação, assinou acordo de delação premiada com a PF e se comprometeu a revelar os fatos de que tomou conhecimento durante o governo Bolsonaro, como o caso das vendas de joias sauditas e da fraude nos cartões de vacina do ex-presidente. Cid é um dos 37 indiciados ontem pela PF no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado após a eleição de Lula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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