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Política Em áudio, o tenente-coronel Mauro Cid disse “o tempo está curto” e o golpe “teria que ser antes do dia 12”, data da diplomação de Lula como presidente

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Áudios mostram o então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro conversando com general Mario Fernandes para "consumação", aponta a PF. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, relatou em uma conversa com o general Mario Fernandes que um golpe de Estado deveria ocorrer antes da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva, marcada para o dia 12 de dezembro de 2022. O áudio dessa conversa foi obtido durante uma investigação da Polícia Federal (PF), que apura as tentativas de subverter a ordem democrática no Brasil após a vitória da chapa de Lula e Geraldo Alckmin nas eleições de outubro de 2022, quando derrotaram o então presidente Bolsonaro, que tentava a reeleição.

Na conversa com Fernandes, que na época era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Cid expôs sua preocupação com a urgência do movimento golpista, apontando que, apesar de ter a intenção de discutir o assunto com Bolsonaro, o ex-presidente tinha o comportamento de “esperar e esperar” antes de tomar decisões. Cid relatou que Bolsonaro aguardava sinais de apoio para agir, sem tomar atitudes precipitadas.

“Vou conversar com o presidente [Bolsonaro]”, disse Cid, “o negócio é que ele tem essa personalidade, ele espera, espera, espera, pra ver até onde vai, ver os apoios que tem. Só que às vezes o tempo está curto, não dá pra esperar muito mais.” Cid, então, afirmou que havia uma data-limite para que qualquer ação fosse tomada: “Dia 12 seria… Teria que ser antes do dia 12, mas com certeza não vai acontecer nada”, concluiu.

A data mencionada por Cid de fato foi marcada por tumultos em Brasília, quando apoiadores de Bolsonaro promoveram atos violentos nas ruas da capital, atacando a sede da Polícia Federal e estabelecimentos comerciais nas imediações, em um reflexo da insatisfação com a derrota nas urnas. No entanto, o que Cid não previa era que os distúrbios seriam mais intensos meses depois, durante a invasão dos três poderes em 8 de janeiro de 2023.

Além da menção ao golpe, a conversa entre Cid e Fernandes também abordou os acampamentos organizados por apoiadores de Bolsonaro em frente aos quartéis, logo após as eleições. Essas mobilizações foram estabelecidas por bolsonaristas que não aceitavam o resultado das urnas e exigiam a anulação das eleições. Apesar de serem de natureza golpista, os acampamentos foram permitidos pelas autoridades até o início do governo Lula.

Cid, preocupado com a presença da Polícia Militar nos locais, sugeriu que o presidente deveria intervir para garantir que os acampamentos não fossem dispersados. “E sobre os caminhões, pode deixar que eu vou comentar com ele, porque o Exército não pode ‘papar mosca’ de novo, né? É área militar, ninguém vai se meter. Até porque a manifestação é pacífica, ninguém tá fazendo nada ali”, afirmou Cid, em referência ao apoio dos militares aos manifestantes.

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