Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de maio de 2015
O ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, 69 anos, foi condenado nessa segunda-feira a oito meses de prisão por violar a lei ao aceitar dinheiro de um apoiador norte-americano, uma sentença que sela a queda dramática do homem que há alguns anos liderava o país e esperava alcançar um acordo de paz histórico com os palestinos.
A sentença se soma a outra condenação, de maio do ano passado. A Justiça o considerou culpado por receber 160 mil dólares em subornos. Fato que pôs fim a sua carreira política. À época dos crimes, Olmert atuava como ministro da Indústria e Comércio de Israel.
Desapontamento
A equipe de advogados do ex-primeiro-ministro estava muito desapontada com o veredicto e iria apelar para o Supremo Tribunal, segundo o defensor Eyal Rozovsky. Olmert foi forçado a demitir-se no início de 2009 em meio a alegações de corrupção. Sua saída abriu o caminho para a nomeação do conservador Benjamin Netanyahu e os esforços de paz subsequentes falharam.
Absolvição
Em 2012, o ex-primeiro-ministro foi absolvido de uma série de acusações, incluindo a aceitação de envelopes cheios de dinheiro do empresário norte-americano Morris Talansky quando Olmert era prefeito de Jerusalém e ministro do Gabinete. Determinou-se que ele havia recebido 600 mil dólares de Talansky durante seu mandato como prefeito da cidade, e mais dinheiro quando era ministro, mas o tribunal não encontrou nenhuma evidência de que a quantia tenha sido usada por motivos pessoas ilegais ou ainda em financiamento ilícito de campanhas. Talansky, um judeu ortodoxo de Long Island, ilha ao sudeste de Nova York (EUA), testemunhou que o montante foi gasto em viagens de primeira classe e hotéis de luxo, e insistiu que não recebeu nada em troca.
A absolvição das acusações mais graves foi na época como uma grande vitória para Olmert. Somente foi condenado por um delito de abuso de confiança por dirigir as nomeações de empregados e contratos para clientes de sócio comercial, o que reavivou as esperanças de voltar à cena política.
Gravações
Sua ex-diretora de gabinete e confidente, Shula Zaken, mais tarde se tornou uma testemunha do Estado e ofereceu entradas de diários e gravações de conversas com Olmert sobre o recebimento ilegal de dinheiro, solicitando um novo julgamento. Nas gravações se ouve o ex-primeiro-ministro dizendo para Shula não testemunhar na primeira apreciação para não incriminá-lo. Os juízes concluíram que Olmert havia dado algum dinheiro para a confidente em troca de sua lealdade e usou o restante para uso pessoal sem declará-lo como exigido por lei. Ele foi condenado pelo crime de receber dinheiro ilegalmente, bem como por fraude e quebra de confiança.
Moshe Katzav
O ex-presidente de Israel Moshe Katzav foi condenado, em 2011, a sete anos de prisão por duas acusações de estupro e assédio sexual. O caso mobilizou o país. Aos 65 anos à época, Katzav também foi condenado a dois anos de prisão e ao pagamento de uma multa. “Se equivocam. É uma mentira”, gritou o ex-presidente, após o anúncio da sentença.
Em dezembro de 2010, Katzav foi considerado culpado por um tribunal de Tel Aviv de dois estupros contra uma funcionária na época em que foi ministro do Turismo, na década de 1990. Também foi declarado culpado de dois atos de indecência, um deles com uso da força e assédio sexual, contra três funcionárias do ministério e, mais tarde, da presidência, quando foi eleito em 2000. Ele também foi considerado culpado de obstrução à Justiça.
Veredicto
Durante a leitura do veredicto, um dos filhos de Katzav aproximou-se do pai para abraçá-lo, e foi possível ouvir suas palavras: “Não fique nervoso, eles estão errados”. Em seguida, Katzav gritou na direção dos juízes: “Vocês estão errados, é uma vitória da mentira”, afirmou. “Elas sabem que estão mentindo”, acrescentou, falando, aparentemente, das mulheres que o acusaram.
Tzion Amir, um dos advogados de Katzav, descreveu a sentença como “um dia de tristeza e luto para a sociedade israelense”, e prometeu apelar da decisão. Em novembro de 2011, a Justiça recusou a apelação.
Início da pena
No dia 7 de dezembro de 2011, o ex-presidente Katzav começou a cumprir a pena na penitenciária de Maasiyahu, ao sul de Tel Aviv. Ele governou Israel até 2007, quando foi obrigado a renunciar ao cargo máximo. À época, duas pesquisas de opinião mostraram que a maioria dos israelenses desejava a renúncia de Katzav. O ex-primeiro-ministro Olmert pediu sua saída.
(AG)