Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2024
O anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o pacote de corte de gastos levou à disparada do dólar nessa quarta-feira (28), mesmo com a estimativa de poupar R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026. O dólar abriu em alta e se aproximou do patamar dos R$ 6 nessa quinta-feira (28), com investidores atentos ao detalhamento do pacote de corte de gastos e da isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil.
Segundo comentaristas da Globonews, o pacote do corte de gastos foi “sequestrado” pela desoneração do Imposto de Renda e acabou ‘”saindo pela culatra”. Apesar de ter cumprido com a economia esperada, a isenção do IR ainda pode ter um alto custo para o governo.
“O pacote era para tentar reorganizar as contas públicas e a principal medida do pacote é uma desoneração”, destaca Daniel Sousa. “Criou-se um ambiente de mais incerteza que a gente tinha antes. O pacote que foi anunciado pelo governo deveria ter mostrado que as coisas estavam sob controle, e até agora não é isso o que aconteceu.”
“O governo poderia ter anunciado isso em outro momento, mas dá sinais de maneira conjunta que não acredita na necessidade austeridade e isso acaba sendo um problema que a equipe econômica está tendo que lidar.” Para Valdo Cruz, as medidas anunciadas por Fernando Haddad não foram imediatamente assimiladas pelo mercado financeiro.
“Não deviam ter misturado Imposto de Renda com medidas fiscais de corte de gastos neste dia. Isso é que está gerando o mau humor [do mercado] neste momento”, diz.
Na véspera do anúncio, a moeda norte-americana teve alta de 1,80%, cotado a R$ 5,9124, cotação recorde. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou em queda de 1,73%, aos 127.669 pontos.
Desvalorização acentuada
O real tem sofrido uma desvalorização acentuada há semanas, conforme aumenta a cautela dos investidores com a condução das contas públicas brasileiras. Quando os gastos públicos estão elevados, o mercado passa a desconfiar da capacidade do país de arcar com suas dívidas no médio e longo prazo.
Havia uma grande expectativa do mercado financeiro de que a equipe econômica do governo federal apresentasse algum pacote de cortes nos gastos públicos logo após o segundo turno das eleições municipais no Brasil. Foram vários adiamentos desde então.
Nessa quarta-feira, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um pronunciamento à nação anunciando o pacote de cortes nos gastos, com estimativa de poupar R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026.
Com uma grande espera do mercado pelo anúncio de um novo pacote de cortes de gastos pelo governo, a notícia, que tinha tudo para ser bem recebida pelos investidores, se mostrassem um comprometimento do governo em cumprir com o arcabouço fiscal (conjunto de regras de equilíbrio orçamentário). Mas o efeito foi o contrário.
“O dia, que deveria ser marcado pelo esperado pacote de contenção de despesas, poderá contar também com um aumento considerável nos gastos do governo”, explicou a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese. As informações são do portal de notícias G1.