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Política “Nada… nenhum indício de fraude”, afirmou Mauro Cid a coronel sobre a eleição em 2022

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Em diálogo obtido pela PF, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro admite não ter prova e reconhece que poderia ser preso. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Conversas obtidas pela Polícia Federal (PF) no curso das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2023 mostram a participação de alguns militares para tentar descredibilizar o processo eleitoral brasileiro, apesar de saberem que não havia fraude.

Os autos, revelados na última terça-feira (26), trazem um diálogo, por exemplo, do tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros do dia 4 de outubro de 2022, dois dias após o primeiro turno das eleições.

Cid demonstra ter consciência de que poderia ser preso em função da sua participação em atividades golpistas.

“Às 18h53, CAVALIERE envia a seguinte mensagem: ‘espero, sinceramente, que vocês saibam o que estão fazendo’. MAURO CID responde, às 19h13: ‘Eu também…Senão estou preso'”, diz a PF baseada em print da conversa.

Na sequência, Cid confessou que não havia indícios de fraude nos sistemas de votação. “Em seguida, às 19h14, CAVALIERE pergunta: “conseguiram plotar?”, se referindo à identificação de uma possível fraude nas eleições.

Somente às 22h28min a resposta de MAURO CID chega, confirmando que não identificaram nenhuma fraude nas eleições. Diz: “Nada… Nenhum indício de fraude”, diz trecho do documento da PF. Para os investigadores, “a mensagem só ratifica o dolo criminoso dos investigados em continuar a propagar fake news sobre as urnas eletrônicas, mesmo sabendo da inexistência de fraudes”.

Ao longo de 2022, Bolsonaro tentou por diversas vezes levantar dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas. O então presidente chegou a fazer transmissões ao vivo e uma reunião com embaixadores, no Palácio do Planalto, para disseminar informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro. A realização do encontro, em julho de 2022, resultou na condenação de Bolsonaro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível até 2030.

Vinte e oito dias depois, outro investigado, o coronel Romão Correa, ansioso, voltou a cobrar Cid. “CORREA NETO escreve para MAURO CID: “Quando puder falar me dê um toque. Alguma evolução que nos deixe otimista?”. MAURO CID, novamente evidenciando a inexistência de fraude no processo eleitoral responde: “Até agora… nada. Nenhuma bala de prata…. Por mais que tudo pareça (que haveria provas de fraudes nas urnas)”, detalha o relatório.

Na ocasião, haviam se passado dois dias do segundo turno da eleição presidencial perdida por Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Quatro dias depois, 6 de novembro, Cid recebe nova cobrança de mais um indiciado, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima. E responde: “Cara, esse é o grande problema de tudo. Essa tal da prova aí”, respondeu Cid em mensagem de áudio. Ele lamenta. “Está difícil tirar alguma coisa. Está difícil ter alguma prova”.

Cid comenta que “a gente tem cara infiltrado em tudo quanto é lugar monitorando e passando pra gente as informações. Refutando ou ajudando a instigar”. O tenente-coronel Ferreira Lima não se conforma. “Jogo a toalha então?”. E defende abertamente um golpe: “Eu sei que tentaram levar até o fim sem quebra institucional, mas foi tudo fora da lei do lado de lá. Chega, irmão”.

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