Sábado, 30 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2024
O montante é o suficiente para manter os estoques abastecidos por até seis meses.
Foto: ReproduçãoO Ministério da Saúde informou na sexta-feira (29), que deve receber na próximas semanas mais de 8 milhões de doses pediátricas, para bebês e para adultos da vacina contra a covid-19. De acordo com a pasta, o montante é o suficiente para manter os estoques abastecidos por até seis meses.
Dentre elas, um lote de 3 milhões é destinado ao público acima de 12 anos, e outro, de 2 milhões, é para crianças. O cronograma conta ainda com a entrega do primeiro lote de vacinas atualizadas contra cepa JN.1, detectada no mundo em agosto de 2023. Serão 3 milhões de doses.
As vacinas atualizadas receberam aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última semana. As doses a serem recebidas fazem parte do contrato de aquisição de 69 milhões de doses de vacina contra a covid-19, válido pelos próximos dois anos. Elas serão distribuídas aos estados de acordo com a demanda e capacidade de armazenamento, informou a pasta.
“O vírus continua circulando. Isso fez com que o ministério mudasse a estratégia da vacinação. Pelo fato da doença não ter um comportamento sazonal, estando presente ao longo de todo ano, disponibilizamos as doses da mesma forma”, reforçou Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização (PNI), em nota.
O anúncio ocorre em meio a reclamações e alerta de Estados e municípios sobre a falta ou os baixos estoques de vários tipos de imunizantes, incluindo a vacina contra a covid-19. Pelo menos 11 Estados do País e o Distrito Federal registraram falta de algum tipo de vacina, de acordo com levantamento feito pelo Estadão entre os dias 11 e 18 de novembro.
A pasta alegou que não havia falta de vacinas, e que “enfrentou desafios momentâneos na distribuição de algumas vacinas devido a problemas com fornecedores e produção limitada global”. Em setembro, uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) feita entre os dias 2 e 11, mostrou que 64,7% dos 2.415 municípios questionados relataram falta de vacinas.
O Ministério da Saúde prevê lançar, em dezembro, um painel para monitorar o estoque de vacinas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Dados do Ministério da Saúde apontam que o valor perdido com as vacinas inutilizadas em 2023 e ao longo deste ano foi de R$ 1,75 bilhão, um recorde desde os quatro anos do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando o prejuízo acumulado foi de R$ 1,96 bilhão.
A quantia jogada no lixo nos últimos dois anos seria suficiente, por exemplo, para adquirir 6 mil ambulâncias do padrão utilizado pelo Samu (R$ 276 mil cada unidade) ou 101 milhões de canetas de insulina, que ficaram em falta em postos de saúde do País no primeiro semestre. O Ministério da Saúde atribui parte das perdas a doses recebidas da administração passada.
Para evitar novos desperdícios, o Ministério da Saúde informou ter adotado inovações no processo de distribuição dos imunizantes, “como a entrega parcelada por parte do laboratório contratado e possibilidade de troca pela versão mais atual aprovada pela Anvisa”.
A maior parte das perdas de vacinas ocorreu em 2023, com 39,8 milhões inutilizadas, somando prejuízo de R$ 1,17 bilhão, enquanto de janeiro deste ano até agora foram mais 18,8 milhões sem uso, o que já custou R$ 560,6 milhões aos cofres públicos.
O Ministério da Saúde afirmou ter encontrado imunizantes contra Covid-19 já com prazo expirado ao assumir. “As vacinas vencidas em 2023 foram reflexo de estoques herdados da gestão anterior e campanhas sistemáticas de desinformação que geram desconfiança sobre a eficácia e segurança do imunizante, impactando na adesão da população”, afirma a pasta, em nota.
Além do número maior de vacinas perdidas, proporcionalmente a atual gestão desperdiçou mais doses do que utilizou. Boa parte das 58 milhões de ampolas de vacinas perdidas tinham mais de uma dose de imunizante. No total, foram 217 milhões de aplicações desde o ano passado. Ao mesmo tempo, outras 385 milhões tiveram que ser descartadas, 176% a mais.