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Mundo “Quero trabalhar diretamente com Donald Trump para acabar com a guerra”, diz o presidente da Ucrânia

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Zelensky abordou o tema durante entrevista a emissora britânica. (Foto: Divulgação/Sky News)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que pretende trabalhar diretamente com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e que está aberto às suas ideias, destacando a vontade de seu governo de manter seu aliado mais importante ao lado enquanto a Rússia intensifica seus ataques ao país vizinho, em um ofensiva iniciada há quase quatro anos.

“É claro que sim. Quero trabalhar diretamente com ele”, afirmou o líder de Kiev em entrevista à emissora britânica Sky News, acrescentando que não queria que as pessoas ao redor do republicano “destruíssem” a sua comunicação: “Quero compartilhar ideias com ele e quero ouvir o que meu futuro colega tem a dizer”.

Os Estados Unidos são o maior fornecedor de assistência militar à Ucrânia e o governo do país europeu está ciente de que precisa de permanecer ao lado de Trump para garantir apoio futuro.

De acordo com o Departamento de Estado norte-americano, o governo do presidente Joe Biden contribuiu com US$ 64,1 bilhões de dólares para Ucrânia.

“Conversa construtiva”

Zelensky classificou a conversa que teve com Trump durante uma visita a Nova York, em setembro, como “calorosa, boa, construtiva”. Ele pontuou que as discussões eram um “primeiro passo importante”, mas que seriam necessárias conversas mais detalhadas “até que tenhamos um plano real onde a Ucrânia seja forte”.

O presidente ucraniano também disse que seu chefe de gabinete, Andriy Yermak, viajaria aos Estados Unidos o quanto antes, para reuniões. Inclusive com o escolhido de Trump para ser o enviado especial à Ucrânia, Keith Kellogg. Este último é a favor de um cessar-fogo e de negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, que incluiriam garantias de segurança contra futuras invasões russas.

Zelensky afirmou à Sky News que o presidente russo, Vladimir Putin, não estava pronto para negociar: “Ele não quer parar a guerra”. Disse, ainda, que será ótimo se Trump obtiver êxito nas tratativas para o fim da guerra.

Antes de vencer a eleição, Trump afirmou repetidamente que a guerra não teria começado se ele fosse presidente. Ele também prometeu acabar com o conflito, às vezes até alegando que o interromperia antes de assumir o cargo. Em julho, ele disse que poderia resolver a guerra em um dia, sem dar mais detalhes.

Cedência de território

Durante a mesma entrevista, Zelensky afirmou que oferecer que a Ucrânia se junte à Otan, a organização militar ocidental, enquanto a Rússia possa manter, por ora, os territórios que havia capturado poderia ser uma solução para acabar com a “fase quente” da guerra:

“Ninguém nos ofereceu fazer parte da Otan apenas para uma parte ou outra da Ucrânia. Se quisermos parar a “fase quente” da guerra, devemos colocar sob o guarda-chuva da Otan o território da Ucrânia que está sob nosso controle”.

“Isso é o que precisamos fazer rapidamente, e então, a Ucrânia poderá recuperar a outra parte de seu território diplomaticamente”, completou. “Mas o convite deve ser feito à Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. Não se pode fazer um convite apenas para uma parte de um país”, afirmou o líder ucraniano.

Histórico do confronto

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e entrou no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país que é forte aliado de Moscou.

Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, ainda que a cidade também tenha sido atacada. A invasão foi criticada internacionalmente e o Kremlin foi alvo de sanções econômicas do Ocidente.

Em outubro de 2024, após milhares de mortos, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.

As tensões se elevaram quando o presidente russo ordenou o uso de míssil hipersônico com alcance intermediário, durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregou ogivas convencionais, mas é capaz de levar material nuclear.

O lançamento aconteceu após a Ucrânia fazer uma ofensiva dentro do território russo usando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França. Serviços de inteligência ocidentais denunciam que a Rússia está usando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam, nem confirmam.

Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, disse que as forças russas estão avançando muito mais efetivamente – e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora ele não tenha dado detalhes.

Zelensky disse acreditar que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.

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